segunda-feira, 31 de maio de 2010

O que dói é não saber

Essa noite eu não consegui dormir. Durante a madrugada o vento começou. O vento uivava nas janelas, e ainda continua uivando. Chove lá fora e eu não tenho vontade de sair. Hoje eu vou esquecer que o mundo lá fora existe. Mais três dias... mais três dias... mais três dias... Tenho tanto o que fazer e nenhuma vontade. Eu tenho uma pergunta. Qual é a pergunta? A pergunta é: Por que dói tanto? A saudade dói... O vento uiva enlouquecidamente agora. Eu não consigo nem ouvir meus próprios pensamentos. Isso é bom... Agora acalmou... Então, a falta dos meus amigos não dói. Eu sei que eles pensam em mim, eu sei onde eles estão e eu sei que eles me amam. Ainda assim sinto saudades, mas é uma saudade boa. O que dói na saudade é não saber. Não saber se ele pensa em mim, não saber onde ele está, não saber se ele me quer... Não saber o que fazer com os meus dias, não saber como evitar os pensamentos, não saber como frear as lágrimas, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Ele? Sim... Ele, sempre ele... Por quê? Eu não sei, eu já cansei de me perguntar isso. Eu também já cansei de fugir... Daqui pra frente, não mais me esconderei. Se me perguntarem eu direi a verdade. Fugir cansa, fingir machuca, não querer saber dói mais do que qualquer outra coisa. O vento continua... os uivos continuam...

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Diálogo

- Lembra de quando a gente era feliz?

- Era? Eu sou feliz! Você não?

- Humm, não sei. Mas, você está feliz? Jura? Não parece...

- Espera, eu disse "eu sou feliz" e não "eu ESTOU feliz". Eu posso ser feliz num contexto geral. Mas, no momento não ESTAR feliz. Eu posso estar chorando por fora, mas por dentro eu estou sorrindo. Acho que foi um poeta que disse isso... Sabe qual foi?

- Não. E eu não te entendo.

- Meu bem, não se preocupe. Quase ninguém entende...

- Ok! Você é feliz! Você acha que eu estou feliz?

- Você não entendeu nada do que eu acabei de dizer? Não é possível saber... Afinal, você pode estar feliz e não demonstrar. Quem sabe disso é você! Só você pode dizer se está, ou não, feliz. Mas eu sei que você É feliz.

- Por quê?

- Oras... Se eu sou feliz, você é feliz!

(silêncio)

- A penny for your thoughts?

- Eu estava pensando que... Eu acho que você tem razão... Mas, eu me recordo de que num outro momento de nossas vidas éramos MAIS felizes.

- Mais? Desde quando é possível quantificar a felicidade? A felicidade não se replica, o que nos fez feliz a anos atrás não existe mais. É passado. O que importa é o que nos faz feliz hoje! Além disso, você não é mais a mesma pessoas que foi a anos atrás. Entendeu?

- Sim. Eu acho que... Olhando para o passado... E olhando para você agora... Eu sou feliz! Sim, Nós somos felizes! Mas... é difícil sentir essa tal felicidade.

- Tudo isso é confuso. Num dia é difícil, mas no outro mais fácil. O importante é não deixar de acreditar que tudo vai dar certo!

- Que cliché!

- Hahaha. Verdade, é cliché. Mas funciona, não é?

- Sim, funciona... Bem, vamos dormir?

- Sim. Eu vou te ver amanhã?

- Só se você quiser... Mas eu acho que você devia me deixar de lado por um tempo. Eu sempre serei uma parte da sua vida. Uma parte de você. Mas... você está bem agora.

- Eu sinto medo. Eu me sinto sozinha. Tenho medo de não saber mais quem eu sou.

- Renata, você sou eu. Eu sou você. Mas você é uma versão bem melhorada de mim mesma. Acredite mais em si mesma. Eu sei que você tem percebido que isso pode dar certo... Pense menos... Agora feche os olhos.

- Ok... Boa noite!

Foto antiga, eu antigo, eu perdido...

Por onde anda esta menina? Onde foi que eu a perdi?
Quando vejo meu reflexo no espelho ela ainda está lá...
Mas eu não me sinto como esta menina... Eu não sou mais uma menina.
Antes eu odiava o que eu via refletido no espelho, e agora tudo o que eu quero é estar lá!
Os dias passam... o sol se levanta... o sol se deita... a noite chega... e o que eu quero é estar lá!
Eu sinto uma tristeza que eu não sei da onde vem.
Eu sinto uma saudade de alguém que nunca existiu.
Eu sinto um desejo que não cede nos braços de ninguém.
Eu tenho uma vida cheia de alegrias, mas me sinto vazia.
Me, me, me,... Sim, sempre sou eu!
Todos me enxergam, mas não me vêem!
Enquanto isso eu fico pateticamente inerte numa cama, chorando... me afogando em lágrimas... soluçando... esperando que o quarto escureça e que eu possa novamente adormecer...
Mas nunca... nunca... pense que eu estou infeliz! Essa é a piada! Eu aprendi a sorrir...
Amanhã eu vou acordar e tudo vai ser diferente!
Eu interpreto bem o meu papel... Amanhã eu serei feliz!
E depois de amanhã... e depois... e depois...
Até o dia em que eu não suportar mais...

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Eu e a Solidão

Retrato
Cecilia Meireles

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?

Eu sou a pessoa mais sortuda da face da terra! E sabe o porquê? Porque eu tenho amigos. Eles não estão sempre presentes, mas jamais deixarão de fazer parte da minha vida. Quando estou feliz, eles ficam felizes por mim. Eu tenho muita sorte!!!

Quando estou triste, os meus amigos sempre tentam me ajudar. E é nesse momento que eu percebo que tenho muita sorte mesmo... Eles não são perfeitos. Nem sempre os conselhos de todos me ajudam. Mas... com certeza... algum vai...

Passei semanas perseguida pela solidão. Cansada. Triste. Sem saber o que fazer... E de repente, eu entendi.... Obrigada! Agora as coisas começam a fazer um pouco de sentido. Da mesma forma que, de vez em quando, faz bem chorar... Hoje eu entendo que faz bem ficar só... Por isso, hoje eu me alio a solidão. Farei dela minha companheira. Eu e a Solidão.

Não, eu não estou triste. Eu tenho muita sorte.

sábado, 1 de maio de 2010

Laços

você já foi meu antes
por quanto tempo não sei
uma vida, um dia, um instante

desvelados os desejos
soube naquele momento
não seremos mais como fomos

por causa do amor
entre o dormir e o despertar
fomos enredados silenciosamente

abandono meus sonhos
na doce ilusão da esperança
espero que o laço jamais se desfaça