domingo, 31 de julho de 2011

Seleção de Domingo: Ane Brun

Não consigo me expressar muito bem, já deixei isso bem claro. Meus sentimentos, os mais secretos, são difíceis de mostrar e entender, mas a música consegue capturar pensamentos e sentimentos muito bem, só que ela continua presa na minha cabeça. Se eu tiver que escolher duas músicas para mostrar uma parte de mim nos últimos tempos, então eu escolho essas duas.


My Lover will go
Ane Brun

What am I gonna do
I am crying a bottle of wine over you
This is something I don't usually do
But I'm crying a bottle of wine over you

For me it is red or nothing
Hey ho my lover will go
And this will ruin everything
Hey ho my lover will go
I'm just too romantic
Hey ho my lover will go
Without any sense of strategies
Hey ho my lover will go, oh oh

Twelve days and many long nights have passed
Since I let go of my heart way to fast
Too many long summer nights
I've been checking for errors on the telephone lines

For me it is red or nothing
Hey ho my lover will go
And this will ruin everything
Hey ho my lover will go
I'm just too romantic
Hey ho my lover will go
Without any sense of strategies
Hey ho my lover will go, oh oh
My lover will go, oh oh

What am I gonna do
I am pouring my heart all over you
I guess I recognize this too
I think I'm falling in love with you

For me it is red or nothing
Hey ho my lover will go
And this will ruin everything
Hey ho my lover will go
I'm just too romantic
Hey ho my lover will go
Without any sense of strategies
Hey ho my lover will go, oh oh
My lover will go, oh oh
My lover will go, oh oh
My lover will go, oh oh
 

Headphone Silence

Ane Brun

I'm travelling the wonderful loneliness
Of the headphone silence
Feels like noone can see me
They see right through me
Cuts me off from the rest of the world

The useless strangers sharing my time and space
They might hear my humming, my tapping of fingers anyway
At least I have my thoughts all to myself
My content and the view outside

I see a rainbow complete
Resting its feet on the hill and the ground
Works as an illustration to the sound
This is a whole in time
A couple of hours when the day is
More abstract than usually

I star in this movie
I play the part and unify
With the soundtrack in my head
It could be morning it could be night
I could be anywhere
The headphone silence Which fills my head

I'm travelling the wonderful loneliness
Of the headphone silence

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Brincando com um bambolê de arame farpado



Fotos extraídas do vídeo Barbed Hula (2000) da artista Sigalit Landau. Clicando aqui você será conduzido à página da artista que possui alguns vídeos de seus trabalhos, a última imagem da primeira coluna apresenta um pequeno trecho do vídeo Barbed Hula que vi no Centre Pompidou em Paris no ano passado. A artista diz que grande parte de seu trabalho está relacionado com a perda de orientação. Definitivamente perdi a minha completamente naquele dia em Paris, e não foi pelo choque das imagens, mas sim pela tranquilidade que senti ao ver aquele ato. Jamais esquecerei essas imagens e achei que elas deviam ser compartilhadas.

The pain here is escaped by the speed of the act, and the fact that the spikes of the barbed wire are mostly turned outwards.
Sigalit Landau

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Amada Missiva

Foto por Désirée Dolron
Meu amor,
 
Aonde quer que estejas eu preciso te dizer com essas palavras, algumas minhas e outras emprestadas, tudo aquilo que anseio já a muito tempo dizer. Quando te vejo, eu desejo ser exorcizada pela água benta desse teu olhar infindo, esse doce olhar intensamente plácido e tão revolto quanto o verde mar. Quero ser fotografada pelas retinas desses teus olhos lindos, ser hipnotizada para que acabe de vez essa disritmia que me tira o ar do peito e aflige meu coração. Desejo transfundir teu sangue para o meu coração que tem tanta sede de você. Eu te peço que mergulhe em meus braços assim como, sem medo, eu mergulhei no teu olhar. Meu coração já está contigo há muito tempo e com esperança espero que me entregue o teu.

Sempre sua,
Amante

P.S.: Ouvindo a música Disritimia de Ney Matogrosso e Pedro Luis e A Parede acabei tendo a ideia para a carta. Um misto de fantasia com pitadas de realidade e muito sentimento reprimido e vivido.

sábado, 23 de julho de 2011

amantes amentes

Have you ever been in love? Horrible, isn’t it? It makes you so vulnerable. It opens your chest and it opens your heart and it means someone can get inside you and mess you up. You build up all these defenses. You build up this whole armor, for years, so nothing can hurt you, then one stupid person, no different from any other stupid person, wanders into your stupid life…You give them a piece of you. They don’t ask for it. They do something dumb one day like kiss you, or smile at you, and then your life isn’t your own anymore. Love takes hostages. It gets inside you. It eats you out and leaves you crying in the darkness, so a simple phrase like ‘maybe we should just be friends’ or ‘how very perceptive’ turns into a glass splinter working its way into your heart. It hurts. Not just in the imagination. Not just in the mind. It’s a soul-hurt, a body-hurt, a real gets-inside-you-and-rips-you-apart pain. I hate love.

Neil Gaiman 


Eu não sei se isso me conforta ou se só me dá mais uma prova de que o amor, essa coisa cada vez mais sem sentido, na verdade é só mais uma maneira cruel da vida te ensinar alguma coisa. Se eu hoje sou o produto do que já vivi, então eu sou uma pessoa com um coração feito estilhaços. Um mosaico disforme de cacos de cada amor despedaçado, cada desilusão, cada sonho desmoronado feito um castelo de cartas, toda a vã esperança, toda a dúvida insana.

O amor me trouxe as mais doces lembranças, os dias mais memoráveis. Aprendi que não há nada mais prazeroso do que amar, em todos os sentidos, e fazer o outro feliz. O amor para mim é meio sonho, meio pesadelo. O amor é um tudo que me conduziu a um nada. No fim, o amor só me trouxe dor. E até daquele que não tive amor, o amor por sua inexistência me presenteou com a insanidade. Como pode algo ser um tudo e um nada ao mesmo tempo? Queria gritar. Ao invés disso eu sinto dor, porque cada uma dessas palavras custa uma dor em mim, e mais dor... mas vale a pena. Pago com dor a falta que me corrói por dentro.

Não há palavras que me consolem. Não existem mais subterfúgios. Esquecer é impossível e mais doloroso que a junção de todas as dores que já senti em minha vida. Queria ser esquecida e assim poder viver como se nunca tivesse existido. Passar a não ter mais passado, viver só e sem mais ressentimentos. Uma vida ainda assim dolorosa, mas abrandada. Uma vida sem fantasmas. Uma vida refugiada num esconderijo, um lugar a salvo para o meu coração que tão estilhaçado se transformaria em areia com qualquer novo abalo. Uma areia que passaria por entre os dedos e se perderia para sempre.

E sabe o que é realmente o pior em tudo isso? O amor é uma droga potente e poderosa, amanhã eu conheço alguém e o ardiloso amor me enche novamente de esperanças. O mundo volta a ser colorido e cheio de possibilidades. O coração estilhaçado esquenta e todos os cacos se fundem e você tem novamente um órgão forte e pulsante no peito. Amantes amentes. Isso não deixa de ser verdade, amantes são dementes!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

[in]coincidência?


Edward Hopper, A woman in the sun.
Cena do filme Tatarak
Pouco importa a sequencia, o contexto ou os meros detalhes. Essas é apenas uma das coincidências que me incomodam, perturbam os sentidos e as ideias. Em meio a tanto caos nossas linhas de pensamento nos levam ao mesmo ponto, um ponto parecido, um ponto comum talvez? Ou quem sabe a lugar algum, a um nada qualquer, só a um vazio plural? Hoje foi um dia difícil, não quero pensar demais em mim mesma, por isso penso na minha poesia, na poesia que vejo, escuto, sinto e leio. Em tudo que dá sentido a cada um dos meus dias.

domingo, 17 de julho de 2011

Solidão urbana

Estar sozinho é uma questão de:
imposição, escolha ou convicção.
Solidão é outra coisa.


Se todas as pessoas solitárias decidissem se juntar elas apenas não estariam mais sozinhas. Cada um carrega a sua solidão como carrega seu coração batendo no peito. A solidão é um estado de espírito, é como estar feliz ou triste, ou tudo ao mesmo tempo. Quando aceitei minha solidão não foi mais fácil viver com ela, depois de algum tempo pareceu fácil, mas um dia ficou ainda mais difícil. Até o dia que aceitei um conselho: Alia-te a tua solidão, seja amiga dela também. Resolvi abraçar minha solidão como abraço uma amiga, a diferença é que o abraço é eterno e eu a carrego todo dia. Minha amiga pesa todos os dias, mas como uma amiga, nuns dias ela pesa menos, noutros mais e as vezes quase nada. Vive-se com a solidão. Em parte, é ela que lhes escreve através de mim, e ela quer dizer a todos que a solidão de vocês quer ser abraçada. Depois leve ela pra passear, tome um café com ela em algum lugar, leia livros pra ela, ouça música com ela, faça-a dançar, vejam juntas um filme, faça ela rir, faça tudo o que quiser. VIVA com a sua solidão e ela será feliz, ela que está em você, como o seu coração, lembra?

quinta-feira, 14 de julho de 2011

10 Frases em mais 10 Filmes - No.20 - De Vrais Mensonges


Uma frase apenas seria inconcebível...

Emilie, eu vivo pela alegria de te ver. Meus olhos são meu coração, meus olhos são meus pulmões, se eu os fecho quando você passa, meu corpo inteiro se asfixia.

Emilie, você passa por mim às vezes e não sabe. Não pode imaginar meu nervosismo, meu amor, meu olhar. Às vezes chego a odiar as pessoas que se colocam entre nós para depois adorá-las quando se afastam e te devolvem para mim.

Emilie, você se esbarra em mim e não sabe que cada momento é uma alegria. Emilie, você me toca e não sabe que cada toque é um sofrimento. E se você não sabe é porque amor demais e pouca coragem fazem de mim um fantasma.

Essa carta tão bela, tem a feiura das cartas anônimas. Como um cheque sem valor por não estar assinado, aceite ao menos que eu a envie sem esperar nada em troca, mas esperando que ela te traga a alegria de se saber amada.

Você é linda, incompreensível, nunca me desaponta. Jamais a terei. Estou inconsolável. De qualquer forma, Emilie, aceite meu sinceros e febris, sentimentos anônimos.
P.S.: E assim termino mais uma sequencia da série 10 Frases em 10 Filmes. Termino com estas linhas que me fizeram suspirar tanto que deixei o recinto completamente sem ar. Quem me dera poder me expressar dessa maneira, mas sofro do mal de ser gauche quando se trata de sentimentos assim. No mais, é isso aí, quase achei que não conseguiria mais terminar isso aqui. Espero que tenham gostado. Abraços! Até mais! Ou não...

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Coincidências e Irracionalidades

Não acredito em Destino, acredito que sou dona das minhas próprias escolhas e que determino meus caminhos. Como hoje, que decidi sair andando a esmo pelas ruas. Saí de casa exatamente às 14:48, sei disso porque simplesmente pensei em contar o tempo. Segui a rota de sempre, mesmo que a ideia fosse andar a esmo, mas os pés tendem a vagar pelas mesmas ruas. No meio do caminho decidi que seria bom ir até um certo lugar e resolver algumas coisas pendentes. Nada urgente, mas a ocasião se fazia conveniente para tal. Como sempre marchei com música tocando nos fones de ouvido. Ela embalava meus passos e me privava da zoada urbana. Caminhei até o destino, naquele que se refere a um local aonde alguém vai, só para deixar bem claro, porque eu não acredito em Destino. Cheguei focada na entrada principal, mas de repente, eis que reconheço um rosto que simultaneamente também reconheceu o meu. Num átimo pensei nas chances daquilo acontecer e noutro abstrai o pensamento. Acenos de cabeça e sorrisos, ele ao telefone e eu embalada pela minha caminhada. Antes que eu pudesse escapar um aceno de mão me pede para esperar, fiquei. O que mais eu poderia fazer? Tirei os fones e desliguei a música enquanto ele terminava a ligação. Acabadas as dispersões demos um abraço. Perguntas vem, perguntas vão. Novidade boas e ruins. Mais perguntas e algumas estranhamente repetidas. Como de costume examinei minuciosamente cada traço dele e olhei bem no fundo de seus olhos, apenas mais uma mania que tenho, eu diria também mais um prazer. Num momento de silêncio senti que deveria ir embora, dei uma desculpa vaga e antes de partir demos mais um abraço. Nesse instante lembrei que há muito tempo nossa última despedida havia acontecido naquele exato lugar. Um adeus e nossos caminhos se separaram. Pensei em coincidências, em como elas nos deixam cheios de perguntas. Com os afazeres cumpridos meus pés me conduziram para casa. No caminho pensei novamente em coincidências, acasos e sorte. Então lembrei que essas palavras são sinonímias para Destino. E eu não acredito em destino. Aprendi hoje que as coincidências são catalisadoras de ideias irracionais. Mesmo não acreditando no Destino, ainda sou vulnerável a irracionalidade, e acima de qualquer coisa, é ela que mais temo.

domingo, 10 de julho de 2011

Seleção de Domingo: Birdy

Por enquanto essa menina de apenas 15 anos, que também toca piano, só gravou duas músicas que são versões de canções dos grupos The XX e Bon Iver (que por acaso eu os adoro!). O resultado foi uma reciclagem cheia de estilo e personalidade, mas sem perder a força e sensibilidade das canções. Em especial gostei da versão de Shelter do The XX. A princípio parece que há algo estranho, mas a musica cresce e se sobrepõe à gravação original, ao menos essa é a minha opinião. Quem se sentir contrariado que atire a primeira pedra. Aliás, alerta de melancolia!!! Pelo menos eu avisei...


quinta-feira, 7 de julho de 2011

10 Frases em mais 10 Filmes - No.19 - Les Amours Imaginaires


"Apaixonado, quando peço um olhar, o que é profundamente insatisfatório e sempre fútil, é quando você nunca me olha de onde eu te vejo."

terça-feira, 5 de julho de 2011

Pílulas

Parece que a saudade é uma extensão da nostalgia. No entanto a nostalgia possui um quê a mais do que a saudade. O que eu sinto é uma (com)fusão entre as duas. Lembro dos dias em que o tempo nas madrugadas era contado em copos de bebida e pontas de cigarro. Sinto falta de uma voz, nem sempre constante, mas que provocava sentimentos que jamais irei compreender. Tudo se resume a uma falta, um vazio que não pode ser mais preenchido. Hoje procuro uma nova maneira de contar o tempo nas intermináveis madrugadas. Poderia tomar o que foi prescrito e cair no esquecimento, parar de contar o tempo, qualquer tempo. Mas é impossível fugir do tempo, ou da saudade, ou da nostalgia. Não importa quantas soluções artificiais forem tomadas. Deito na cama e espero que a escuridão se dilua até a manhã, quando perece mais fácil viver, mesmo que seja uma vida distorcida.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Não quero, não posso, não tenho permissão...

"O coração, se pudesse pensar, pararia."
Fernando Pessoa


Eu não quero pensar, não posso pensar, não tenho permissão para pensar. O que fazer quando se quer fugir de si mesma? Eu fujo das conversas, das explicações que apenas conduzem a justificativas vazias. Eu me recolho a um silêncio agonizante. E sobretudo, nessa escuridão muda, eu temo o que eu ainda posso vir a descobrir, temo os possíveis pensamentos que posso vir a ter. Eu me sinto como um fantoche manipulado por diversas mãos, minhas mãos, algumas conhecidas e outras estranhas. Mãos ocultas, mãos fantasmas, mãos dementes. É impossível explicar, entender, aceitar e viver com tantos pensamentos. Queria gritar, rasgar a carne e expor tudo. Mas não posso, o que sinto, penso e sou não se expõe, apenas trata-se silenciosamente. E a vida em sua suprema ironia me presenteia com os mais diversos dilemas. E em meio a isso tudo, surpreendentemente, ainda bate um coração.