segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Brevidade no. 1

"...o silêncio é tão terrível quanto aquele peso que não nos deixa fugir, nos sonhos."

sábado, 27 de novembro de 2010

Meaningless

 Ontem eu vi o novo filme do Woody Allen, You Will Meet a Tall Dark Stranger vulgo Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos. O título aqui no Brasil estragou um pouco o charme sutil da metáfora por trás do filme, sempre acho que quem reescreve os nomes dos filmes para o cinema brasileiro nunca sabe do que se trata, mas esse é um tipo de indignação perene, sempre será um ponto interrogação cheio de exclamações pra mim que sempre acompanho o lançamento dos filmes em seu idioma original. Enfim, recomendo sem ressalvas, mas como sou fã de carteirinha dos filmes do Woody isso pode ser um pouco suspeito, nem sempre todos se agradam com as minhas sugestões.

Uma das coisas que eu mais gosto nos filmes do Woody Allen é que apesar dos filmes sempre surpreenderem, você sempre reconhece o estilo Woodyniano. Cada piada, cada diálogo, cada cena dramática é nova, mas sempre penso "Isso é tão Woody!". Desde a abertura do filme até os créditos finais, todos os filmes são iguais. A trilha sonora é sempre característica, a construção dos personagens, a ironia, o sentimento, tudo isso é canônico nos filmes do Woody, e mesmo já tendo assistido mais de uma dezena dos filmes dele, eu não consigo deixar de achá-lo genial! Pois esses filmes são do tipo que você precisa assimilar aos poucos, eu literalmente fico relembrando de cenas e falas durante semanas, e no fim eu acabo sempre com uma risada diante da ironia da vida.

O filme abre com a célebre frase de Shakespeare “Life is … full of sound and fury, signifying nothing.” O que quer dizer mais ou menos isso: A vida é cheia de som e fúria, mas no fim isso não significa nada. Nenhuma verdade poderia ser mais clara, definitivamente life is meaningless, mas mesmo assim vivemos da mesma forma irônica todos os dias, seguimos por nossos caminhos lutando contra o acaso numa busca incessante por significado. Acho que é a natureza do ser humano buscar respostas para todas as perguntas de sua insignificante existência, o mais irônico disso tudo é que na maioria da vezes buscamos respostas para perguntas que sequer tomamos consciência, é tudo uma eterna busca pelo nada. 

Se estou falando do filme eu do que eu acho, eu não sei mais. A única coisa que eu tenho certeza é que devemos aproveitar a vida ao máximo enquanto pudermos.  E como no fim todo o som e fúria não vai significar nada, por que não fazer papel de boba, de inconsequente, de impulsiva? Hoje eu não tenho absolutamente nada a perder. Eu me pergunto: O que todos nós temos a perder? Medo? Sim, eu tenho medo de sofrer, medo de tomar as decisões erradas, medo de um monte de coisas, medo de tanta coisa que já estou enjoada só de pensar, mas sem medo não existe coragem, por isso eu aconselho todos a respirar fundo e por um segundo esquecer o medo e se jogar nessa vida insignificante, e tentar espremer dela toda e qualquer felicidade que puder conseguir. Bom domingo a todos!

Provocação

- O que você está fazendo?!?!
- Como assim? Foi você quem começou!
- Eu? Eu não fiz nada!
- Não seja hipócrita! É você quem fica aí... com esses seus olhos imensos lançando esses olhares... é difícil não perceber, sabia? É normal cair feito um patinho! Vai me dizer agora que aquele sorriso não aconteceu?!?! Que você não provocou nada disso?!?!
- Que olhares? Que sorriso? Eu estava aqui quieta no meu canto, nem pensei em nada disso... e você já começa com as suas gracinhas... Pare!
- O.K. Num ato de delírio vou imaginar que o seu olhar não disse nada, e que aquele sorriso não aconteceu. Então, por que os seus olhos continuam com esse brilho? O seu rosto não mente, sabia? Por mais que você tente eu sei que você gostou do que eu fiz. Eu sei o que você sentiu, eu sei o que você está sentindo... pare de lutar... deixe-me fazer o que eu quero!
- É sempre assim! Tudo tem que ser do jeito que você quer, nós sabemos aonde isso vai dar. E depois? Como fica o depois?
- Deixa rolar!
- Não estou afim.
- Você me cansa com esse joguinho... você provoca e depois não quer arcar com as consequências.
- Eu já disse, não fiz nada, sequer pensei em nada, só quero ficar aqui no meu canto.

[...]

- Tá bom! O que foi isso agora?!?! Eu vi o que você fez!
- Pára! O que eu fiz?
- Ahhhh! O que eu vou fazer com você, heim?
- Não sei do que você está falando.
- Já entendi, você quer, mas não quer admitir! Quer que seja ao acaso, como se a escolha não tivesse sido sua. Se você quiser eu posso te forçar... é isso que você quer? Eu vendo os teus olhos, te domino a força, te faço ficar sem razão, sem lógica nenhuma... é isso que você quer?
- Não, por favor, não faça isso... eu não quero que seja assim... o.k., eu admito, eu quero, mas não tenho certeza se posso... se consigo... agora.
- Se deixa levar... você sabe como isso é bom... lembra? A ansiedade, a surpresa, todo aquele calor, a pressão no seu peito, os suspiros trêmulos, a zonzeira, a alegria... eu sabia que você ia ceder...
- Eu sei que quero, mas não sei se vou suportar o depois.
- Não pense no depois. O depois acontece só depois, se permita sentir isso aqui e agora. Posso continuar?
- Sim, pode... mas com calma...
- Impossível ter calma, meu bem.... Eu sou o seu coração, e por mais que você esteja temerosa você está sentindo novamente. Eu estou batendo forte aqui no seu peito porque você reagiu aquele sorriso. Ele viu os seus olhos, ele viu você, ele sorriu e você não pôde se controlar. É normal... Por mais que você queira fugir, por mais que você queira esquecer, você bem lá no fundo ainda quer acreditar... Pode não ser nada, pode ser mais um engano, mais uma ilusão, mais uma desilusão, mas não lute mais contra mim, deixa-me bater mais e mais forte, mesmo que seja só hoje...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Sem reticências

Nada como uma noite de insônia para clarear as ideias. Nessa madrugada acordei e perdi o sono mais uma vez (novidade). Fiquei imóvel na cama por algum tempo, apenas contemplando a escuridão. Deixei os pensamentos voarem alto até que ouvi o celular vibrar uma vez, outra vez e uma terceira vez. Daí começou o dilema: levanto ou não levanto? Pensei: se levantar posso perder o sono de vez, mas se eu ficar aqui quietinha tenho mais chance de dormir novamente. Levantei. Maldita ansiedade. De importante, duas mensagens atrasadas que chegaram só com 12h de atraso.

Ficar sem internet me deixa longe, mas isso não quer dizer que vc não continue importante pra mim.

Eu sou importante para alguém. Obrigada alguém! Nada que você já não tenha me dito algumas vezes, mas o que a gente mais quer é ser lembrado de vez em quando e sempre, não é? Mais uma vez você salvou o meu dia! Foi melhor a mensagem ter chegado naquele instante, pois somente naquela hora eu pude apreciá-la. Ou melhor, eu precisava mais dela naquele momento, de todos os meus amigos, apesar de todos os pesares, mesmo o mais distante você é o mais próximo. Me perdoe pela rabugice de todos os dias, pelo mal humor e pelas pitangas choradas. Estou aqui para o que der e vier, conte comigo!

Graças a essa mensagem fiquei pensando num bocado de coisas. Sobre como a felicidades dos outros nos afeta, por exemplo: Por que quando ouvimos que alguém está feliz acabamos ficando intimamente tristes? Também fiz algumas constatações do tipo: Efetivamente acredito que na vida só podemos estar feliz ou não feliz, e o segundo caso é o mais constante, mas isso não significa que não seja tão bom quando o primeiro. Tudo é uma questão de perspectiva. Outra constatação: Eu tenho medo, e com medo ajo feito uma cretina, porque tenho medo. Maldito círculo vicioso! Última constatação: Eu AMO! Mesmo sem alguém pra amar eu amo, esse é o meu oxigênio, por isso é impossível deixar de amar.

Eu podia falar mais e mais, mas agora tenho sono. :-) Então, pra terminar vamos à trilha sonora de quinta.

domingo, 21 de novembro de 2010

Me, myself and I

As manhãs de domingo aqui no Rio de Janeiro são sempre iguais pra mim. Os dias passam, o tempo muda, as vezes chove, as vezes faz sol, mas o murmurinho da rua é sempre o mesmo. Uns dias esse murmurinho me incomoda e eu acabo levantando cedo, como hoje. Na verdade eu não sei se foi o murmurinho ou a vontade de acordar mesmo, eu só sei que tinha vontade de escrever sobre algo assim que abri os olhos esta manhã.

Algum tempo atrás eu me preocupei em achar uma resposta para a pergunta: Quem é você? Hoje relendo o que escrevi aqui no blog eu penso "Puuutz, quanta besteira!", mas acho que isso faz parte do aprendizado da vida. E uma das coisas que eu aprendi é que, nos momentos em que você não está em paz consigo mesma a pior coisa que se pode fazer é tentar responder perguntas sem respostas. Talvez seja preciso uma vida inteira de aprendizado para responder a tal pergunta, mas o que eu acho mesmo é que se houver uma resposta, a resposta é só minha e de mais ninguém. Afinal, quem quer receber um rótulo?

E esse é outro tema que eu gostaria de comentar. Hoje em dia tudo precisa de um rótulo com o maior número de informações possíveis. Eu não estou falando somente das coisas que consumimos, estou falando de gente também. Todo mundo deve se encaixar numa categoria, e por via de regra essa categoria te classifica de acordo com um senso comum que me impressiona mais e mais a cada dia. As roupas que você usa, a sua sua sexualidade, o seu trabalho, os seus hábitos alimentares, o seu corpo, os seus vícios,... enfim, tudo aquilo que é externo te classifica antes de qualquer outra coisa.

Quando se vive no Rio de Janeiro você tem que aprender a lidar com esse tipo de coisa. Aqui mais do que em qualquer outro lugar, eu senti uma ansiedade maior em precisar se rotular. Daí, você tem três opções: Muda e se classifica na categoria mais cool que você achar, não muda absolutamente nada na filosofia do "eu sou mais eu", ou procura aprender algo dessa experiência antropológica. Cada uma dessas opções tem seus prós e contras, e eu acho que não existe uma escolha certa, pra mim todas elas são certas, tudo depende daquilo que você considera mais importante, ou daquilo que te faz feliz. Independente da persona que você decida incorporar, somente uma coisa deve permanecer imutável, seja verdadeiro consigo mesmo. Eu acredito que as vezes é preciso interpretar um papel (há quem diga que não), desde que a representação seja limitada a um público específico em momentos específicos eu acho que isso não faz tanto mal. O importante é nunca se deixar perder no mundo dessa persona

Eu já tentei ser outrem, não deu certo, vivia em conflito comigo mesma. Por curiosidade tentei ser eu mesma, descobri que assusto as pessoas. Agora, eu ajusto. Vou dosando entre aquilo que sou e aquilo que preciso ser em determinados momentos. Parece funcionar. Mas o mais importante é que aqui dentro da minha cabeça eu fico somente comigo mesma, me me me! Percebi que acabei desviando um pouco daquilo que queria falar, mas como o objetivo disso aqui é antes de mais nada fazer pensar (e acessoriamente preservar a minha sanidade), acho que o que escrevi deu conta do recado. Para quem não entendeu o sentido do post, sinto muito, mas é isso aí mesmo. Meu novo lema é: Fodam-se as entrelinhas!

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O fim do mundo

Naquela manhã ao invés de vestir o vestido azul que estava passado e pendurado atras da porta, ela vestiu o jeans sujo que estava jogado no chão e uma camiseta branca amarrotada que a sua mão pescou ao acaso na prateleira do guarda roupa. Ela podia ter alisado o cabelo, feito a maquiagem, colocado os melhores brincos, os sapatos perfeitos e por fim passado uma borrifada de perfume, mas ao invés disso ela só calçou os All Star e saiu correndo pela porta enquanto penteava os cabelos com os dedos. Mesmo sem estar atrasada ela tinha presa, estava ansiosa por alguma razão, por isso apertava impacientemente o botão para chamar o elevador. "Até que enfim!", ela disse quando o elevador chegou. Ela apertou o botão da garagem e se encostou na parede do elevador. Então, assustada percebeu o seu reflexo no espelho. "Eu podia ter colocado o vestido e ter me arrumado mais." ela pensou, mas após contemplar-se por mais alguns segundos no espelho ela disse "Não ia fazer diferença". A porta abre e ela anda apressada até o carro. Bip bip. Chave na ignição, cinto de segurança e mais uma olhada no espelho retrovisor, "Esse cabelo está horrível" ela pensa. Enquanto dirigia ela ficava pensando no vestido, nos sapatos perfeitos e no perfume em cima da pia. "Eu podia pelo menos ter passado uma borrifada de perfume", pensou. Liga o rádio. Desliga o rádio. Olha para o celular. Se irrita com os sinais e com o trânsito matinal. "Vamos lá, sorria!", ela diz a si mesma enquanto confere novamente o estado do cabelo no espelho retrovisor.

- Bom dia!
- Bom dia! Tudo bem? Chegou cedo. Você parece bem animada hoje...
- Tudo bem! Animada? Não sei sobre o que você esta falando. - Ela sorri maliciosamente e senta na mesa de trabalho. - Então, o que temos hoje? O que é mais urgente? Já ligou pra gerência? Onde está o mensageiro?
- Você está bonita hoje. - Ele falou com ternura, mas tinha um ar de zombaria no olhar. - Temos uma pilha de revisões pra fazer, essa que por acaso está a sua esquerda. Quanto a urgência, tudo é relativo, se o mundo for acabar hoje nada é urgente, mas caso contrário eu diria que são as cinco primeiras pastas da pilha. Não, eu não liguei para a gerência. E o mensageiro ainda não chegou, você chegou meia hora antes do horário, como sempre.
- O.k., quem dera o mundo estivesse acabando, heim?
- Quem dera! Se ele estivesse acabando eu te convidaria para passear no litoral, depois comeríamos naquele restaurante que você adora, e no fim ficaríamos sentados numa praia esperando pelo fim do mundo tranquilamente. Quem sabe se eu ligar o rádio agora eles estejam anunciando o fim do mundo, o que você acha? Seria um bom plano para o último dia de nossas vidas na terra?
- Claro que sim! Se o mundo estiver acabando eu estou dentro!

Ele liga o rádio. Um emaranhado de sons interrompidos de estática, vozes e música enquanto troca as estações. "Interrompemos essa transmissão para informar..."

P.S.: O que significa? Sei lá! Apenas uma aleatoriedade que estava empacada nas postagens já faz algum tempo. Eu não me sinto muito criativa hoje, mas de alguma forma queria publicar alguma coisa. Eu queria mesmo era agradecer a todas as pessoas que visitaram o blog nessa última semana, que aliás foi a semana de mais movimento por aqui, e principalmente agradecer aquelas pessoas que vieram comentar o último post. Obrigada a todos, obrigada por todas as conversas, obrigada por se importarem. Bom fim de semana! Um abraço apertado em todos!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Atendendo a pedidos

Coisa louca esse tempo, né? Num dia faz sol e calor infernal, e no outro chove e faz frio. E ainda mais no Rio de Janeiro! Loucura... Começo de conversa bem meia boca, eu sei... mas é verdade, e é graças a esse tempo louco que fiquei doente, e por isso tenho tempo de ficar na cama pensando num monte de coisas que venho negligenciando. E qual é a negligência? Bem, isso é difícil de explicar, mas posso dizer que evitei pensar em certas coisas por um tempo, assim ficava mais fácil passar pelos dias. Todo mundo faz isso, se engaja em alguma atividade só pra poder parar de pensar naquilo que mais perturba. O problema é que cedo ou tarde alguma coisa te faz lembrar daqueles pensamentos, daí temos duas escolhas, confrontá-los ou tomar novas medidas paliativas para esquecê-los.

Dessa vez foi um poema do Drummond e uma frase que ouvi que me fizeram despertar. Vamos começar pela frase, que é a seguinte: Com o tempo vamos criando defesas como uma fortaleza, assim nada de ruim consegue nos atingir, mas como consequência nos fechamos para as coisas boas também. Mas a pior parte de viver nessa fortaleza é que os fantasmas que nos atormentavam antes não conseguem sair. A única maneira de mandar os fantasmas embora é derrubar os muros, mas daí temos que correr o risco de novamente deixar o mundo entrar. A metáfora é bem clara, mas eu nunca tinha pensado na última parte. Que se fechar por medo de sofrer também impede as pessoas de aproveitarem as coisas boas da vida, isso não é nenhuma novidade, eu tenho uma vida inteira de experiência nesse campo, mas a parte de que "os fantasmas" que já estava com você também não conseguem desaparecer, eu nunca havia me dado conta disso. Não é nenhuma epifania, é apenas um ato de consciência de algo muito óbvio, mas que não era tão fácil de enxergar ou de admitir.

Agora vamos a poesia do Carlos Drummond de Andrade:

A hora do cansaço
1984 - CORPO

As coisas que amamos,
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.

Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade.

Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nós cansamos, por um outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.

Do sonho de eterno fica esse gosto acre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.

Sempre me surpreendo lendo Poesia. Num dia ela é apenas uma composição poética, num outro essas poucas palavras despertam alguma coisa pedida dentro de nós. O mais surpreendente da Poesia é que ela desperta diferentes sensações dependendo de quem a lê. Se para você A hora do cansaço não diz nada, tudo bem, vai dar uma volta e vive mais um pouco, deixa para ler o que eu vou escrever daqui pra frente um outro dia. Agora, se por acaso alguma coisa se acendeu aí dentro do seu peito, continue aqui comigo. 




































Pense bem antes de continuar.
(Por favor, tente ver isso como uma boa experiência.)









































Pensou? Tem certeza? Mesmo?
(Não tenho a intensão de ser melancólica. Por isso, sorria!)












































Bem, se você teve paciência de continuar até aqui é porque você quer realmente saber o que eu quero dizer. Ou não, talvez a poesia não tenha significado nada pra você, mas essa minha brincadeira pode ter te deixado com ainda mais curiosidade pra saber qual é o grande mistério, ou por pura teimosia você resolveu continuar. Além do mais, ninguém vai saber que você leu. Certo? Que mal faz saber significado que essa poesia tem pra mim? Eu diria que não faz mal nenhum, quase nenhum. Afinal de contas, as interpretações de poesias são pessoais, e se identificar com o sentimento dos outros é algo difícil de se fazer, ter empatia pelos problemas dos outros é algo muito complexo, completamente arcaico hoje em dia. Quase ninguém tem vocação pra esse tipo de coisa, porque tem que ter vocação, sabe? Sabe, esse tal de altruísmo? Porque eu já vou avisando... uma coisa leva a outra. Você corre o risco de ter que pensar no que eu penso, ou de sentir as coisas do jeito que eu sinto, uma merda... Ou não, você também pode continuar não sentindo absolutamente nada, e daí fica tudo numa boa. O risco existe, e ele é todo seu. Bem, chega de enrolação. Então, vamos lá?

Então, antes de mais nada, preciso fazer mais um adendo com relação aquela frase lá do início da mensagem. E também pedir desculpas, porque não tenho a menor intensão de falar sobre a poesia aqui. O propósito deste post é exatamente tentar "quebrar os muros". Tudo isso é um experimento para ver se eu consigo algum tipo de empatia, eu queria ver se eu consigo acender alguma faísca de sentimento nas pessoas. Eu queria saber se existe vida aí fora, mas eu não posso fazer tudo sozinha, não acho justo. Eu estou abrindo uma brecha, mas isso não depende só de mim. Se existe alguém aí fora que queira, que precise falar, sobre o significado daquela poesia, ou não só sobre ela, eu estou aqui pronta pra falar. Não existe ato maior de altruísmo do que libertar alguém, mesmo que seja com as palavras que essa pessoa precisa ouvir (e nem sempre quer ouvir).

P.S.: Eu desabilitei os comentários das postagens do blog, porque percebi que o objetivo dele não era receber comentários, mas sim despertar alguma coisa nas pessoas. Comentários são efêmeros demais para corresponder aos meus objetivos.  Em caso de alguma coisa realmente despertar em você, então entre em contato da maneira que quiser, pode ser e-mail, msn, telefone, ou pode bater aqui na porta de casa mesmo, sinta-se a vontade. Caso nada desperte em você, ou você não quiser entrar em contato, então eu vou saber, ou interpretar à minha maneira o que você pensa, ou talvez sente.

P.P.S.: Antes que comecem as suposições. Não, esse post não é endereçado a ninguém específico. Eu acordei febril, doente, cansada, e pensei que está na hora de sair da fortaleza. Pode ser um delírio, ou um ato desesperado de tentar colocar os pingos dos devidos i's. Na verdade, eu percebi que no fim, nada de bom eu consegui aqui dentro da minha fortaleza, eu só me escondi de tudo. E quem sabe existam outras pessoas tão infelizes quanto eu em suas próprias fortalezas, que estão esperando por alguém só pra conversar, ou quem sabe pra tentar resgatá-las de lá.

sábado, 6 de novembro de 2010

Brilhante


Hoje pensei na minha vida como uma viagem de metrô. Eu estava viajando da Saens Peña até a Estação General Osório, basicamente o trajeto de uma ponta a outra ponta da linha 1, uma viagem de 40 minutos. Gosto de ficar sentada perto da janela, mesmo que em todo trajeto você só tenha vista para a escuridão. Na verdade, eu encaro a escuridão só pra poder ver o clarão no fim do túnel quando o trem passa por cada uma das estações. E assim é a minha vida, uma viagem pela escuridão, com paradas em vários pontos iluminados. Onde eu vou saltar é a questão. Pensando bem a vida de todo mundo é assim, uma passagem pelo tempo, com muitas horas borradas onde não se percebe o que acontece, horas de mesmice, só minutos e mais minutos de uma vida que passa. Não que esses minutos passem sem proposito algum, é que passam sem brilho. 

Na vida existem apenas alguns momentos claros, lúcidos e cheios de cores para se admirar. E por mais efêmeros que eles sejam, por mais ilusórios que possam ser, e por mais que a esperança seja uma velha senhora vestida com um traje démodé... eu ainda acho que vale a pena esperar pelos breves clarões da vida! Enganam-se aqueles que pensam que eu estou feliz, eu estou num estado de melancoletargia. Nem bem, nem mal, nem isto, nem aquilo, vacilo entre um sorriso ligeiro e uma lágrima furtiva em meio a um turbilhão de exigências. Encaro a escuridão enquanto sinto saudade de ter alguém pra ficar sentado de mãos dadas no metrô, na praça ou no sofá la de casa. Saudades de fazer alguém rir, saudades de abrir a porta e encontrar alguém que deixa a minha vida mais colorida, saudades de ouvir besteiras ou teorias mirabolantes, saudades da conversa silenciosa dos olhares... Só saudade do que já foi, do que nunca foi, do que talvez será...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Mais sobre o mesmo

Um dia conhecemos alguém e nos apaixonamos. Se tivermos sorte, temos o privilégio de compartilhar uma experiência muito especial com uma pessoa, ou caso contrário, por algum tempo cultivamos um amor impossível. No entanto, eventualmente nos separamos dessas pessoas, ou despertamos da ilusão. Mas em ambos os casos, essas pessoas sempre deixam marcas para que nos lembremos de sua passagem em nossas vidas. Os nossos amores nos forjam. Eles nos definem, para o melhor ou para o pior. Como na lei de ação e reação, colidimos com eles e seguimos na direção oposta, impulsionados pelo contato. E após cada término, ficamos marcados. Porém mais fortes. Mas também mais frágeis, ou carentes, ou irritados, ou culpados. Nunca é imutável. Nossos amores permanecem dentro de nós, eles nos assombram como fantasmas. Às vezes sussurrando. Às vezes gritando. Invisíveis, mas sempre presentes. Eles permanecem esperando...