sábado, 6 de novembro de 2010

Brilhante


Hoje pensei na minha vida como uma viagem de metrô. Eu estava viajando da Saens Peña até a Estação General Osório, basicamente o trajeto de uma ponta a outra ponta da linha 1, uma viagem de 40 minutos. Gosto de ficar sentada perto da janela, mesmo que em todo trajeto você só tenha vista para a escuridão. Na verdade, eu encaro a escuridão só pra poder ver o clarão no fim do túnel quando o trem passa por cada uma das estações. E assim é a minha vida, uma viagem pela escuridão, com paradas em vários pontos iluminados. Onde eu vou saltar é a questão. Pensando bem a vida de todo mundo é assim, uma passagem pelo tempo, com muitas horas borradas onde não se percebe o que acontece, horas de mesmice, só minutos e mais minutos de uma vida que passa. Não que esses minutos passem sem proposito algum, é que passam sem brilho. 

Na vida existem apenas alguns momentos claros, lúcidos e cheios de cores para se admirar. E por mais efêmeros que eles sejam, por mais ilusórios que possam ser, e por mais que a esperança seja uma velha senhora vestida com um traje démodé... eu ainda acho que vale a pena esperar pelos breves clarões da vida! Enganam-se aqueles que pensam que eu estou feliz, eu estou num estado de melancoletargia. Nem bem, nem mal, nem isto, nem aquilo, vacilo entre um sorriso ligeiro e uma lágrima furtiva em meio a um turbilhão de exigências. Encaro a escuridão enquanto sinto saudade de ter alguém pra ficar sentado de mãos dadas no metrô, na praça ou no sofá la de casa. Saudades de fazer alguém rir, saudades de abrir a porta e encontrar alguém que deixa a minha vida mais colorida, saudades de ouvir besteiras ou teorias mirabolantes, saudades da conversa silenciosa dos olhares... Só saudade do que já foi, do que nunca foi, do que talvez será...

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