terça-feira, 31 de agosto de 2010

Derrelição

O que é isso que me domina?
De tudo eu esqueço,
de tudo eu me despeço.
Quem me dera fosse amor,
quem me dera fosse dor,
quem me dera fossa a solidão.
De tudo não me resta nada.

Meus olhos nada vêem
Estou cega ou tenho medo?
Minha boca continua muda
Estou sem palavras ou sem mais promessas?
Meu coração nada mais sente
Estou morta ou deixei-me adormecer?

De tudo, o que me resta é a febre,
as doces ilusões, as alucinações, os sonhos.
O que sou eu senão um corpo estendido
de braços abertos, que esperam
preencher um espaço, um vazio.
Por onde vaga esse espaço que me falta?

Enquanto desfaleço, sem forças, sem ar
eu te entrego tudo o que resta de mim.
O pouco do que resta de mim.
Eu te entrego tudo e espero
como uma criança que acredita
em anjos, fadas e seres mágicos.

domingo, 29 de agosto de 2010

Seleção de domingo

Eu teria muitas coisas para dizer, mas as vezes é melhor calar. Paciência. Por ora, vamos ficar apenas com a seleção de domingo.







quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Pa-ci-ên-ci-a

Vamos fazer um exercício. Ele pode não ser tão simples para algumas pessoas, não porque pode exigir muito de sua inteligência, na verdade ele é simples nesse aspecto, mas ele pode exigir muito da sua paciência. O exercício consiste em tentar não fazer nada, não se estressar com nada, não pensar em nada e apenas se deixar em paz. Felizes são aqueles que conseguem se deixar em paz! A vida corre, a vida não para. As vezes tudo acontece tão rápido, que nos esquecemos até mesmo de respirar, nosso peito fica pesado e a única maneira de aliviar a pressão é extravasar naqueles que estão ao nosso redor.

Nessa semana eu fui obrigada a não fazer nada. Mas a pior parte foi ser obrigada a gastar 100 reais na farmácia com remédios para curar essa maldita gripe. Nessas horas, em que o corpo grita e te derruba porque não suporta mais a pressão, a única solução é se deixar em paz. Paciência, o mundo não para, mas de vez em quando a gente é obrigada a parar. Não sei se foi pelo cansaço acumulado, pelo estresse na semana passada, simplesmente pelo frio de Florianópolis (embora eu tenha me agasalhado feito um esquimó), ou talvez pelo baque do "Não é você, sou eu". Enfim, isso não importa, seja lá qual for o motivo, eu gostaria que pudéssemos parar antes que o corpo, que nem sempre obedece ao comando da cabeça, decretasse que não fará mais nada. Eu queria poder desligar por alguns momentos, ter a sabedoria de mandar tudo a merda e só ficar em paz.

E cá entre nós, esse tal de "Não é você, sou eu" é o argumento mais covarde e humilhante da face da terra, pois o problema não é que a pessoa não está afim de você, a pior parte é ela não se dignar a te dar maiores explicações ou levar em consideração tudo aquilo que se sente. Eu até já concordei que alguns clichês funcionam, mas esse... me perdoem! Resumir aquilo que se sente, ou que se deixou de sentir, ou pior, aquilo que se tem medo de sentir, com esta frase infame é imperdoável. Tão imperdoável que depois de ouvi-la eu lhes garanto, tudo ira perder todo e qualquer encanto. Rimas a parte, eu só comento para fazer pensar, porque hoje eu até me divirto com o fato. Mas se por um infeliz acaso do destino, eu vier a ouvir novamente essas palavras, da próxima vez o coitado levará um bom tapa nas fuças.

E só pra não perder o sentido desse post, vamos ter um pouco mais de paciência...

terça-feira, 24 de agosto de 2010

As maravilhas da internet


Hoje em dia todo mundo é devoto de São Google. Mas quando eu pensava que já tinha visto de tudo na internet, acabo literalmente tropeçando neste site, ou melhor, nesta verdadeira pérola. Sempre que temos alguma dúvida sobre como fazer algo, basta digitar a pergunta que São Google responde. A internet está repleta de tutoriais, mas eu nunca pensei em encontrar coisas do tipo How to get affection, ou How to smile with the eyes, e ainda menos How to gain control of your emotions. Tudo isso com steps, tips e warnings. E eu só queria aprender a fazer um nó no meu lenço! Viva a inutilidade!

Ilha

De todas as cores
eu amo aquelas que te colorem
sejam elas azul, verde ou cinza.
De todos os perfumes
eu amo aqueles que te impreguinam
sejam eles de mar, terra ou chuva.
De todas as lembranças
eu amo aquelas que te pertencem
sejam elas felizes, tristes ou perdidas.
De todos os sofrimentos
eu "amo" aqueles que em ti vivi
sejam eles efêmeros ou permanentes.

Cada canto dessa terra cheia de encantos
carrega um pedaço do meu coração
por vezes partido, por vezes compartido.
Só me resta lembrar dos bons momentos
dos abraços, beijos e olhares mudos
das palavras de Adeus e amargor
das promessas de amor.


Contigo aprendi a não mais fugir
da dor da vida, do medo de viver.
Contigo entendi o que é o amor,
a dor do sofrimento e a solidão.
Contigo deixo o meu coração
minh'alma, meu canto e encanto.

Lagoa da Conceição - Florianópolis

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Waiting

Quem gosta de esperar? Eu particularmente nunca gostei muito de ficar a espera de algo ou alguém. Hoje eu estou aqui sentada esperando, um voo, junto com outras muitas pessoas que simplesmente esperam. Eu coloco meus fones de ouvido, arrumo as pernas sobre a mala numa posição mais confortável e aperto o play do mp3. Surpreendentemente me sinto feliz ao ouvir as primeiras notas, e meus dedos começam a correr pelo teclado, apenas escrevendo bobagens sem sentido algum (ou não). As ideias começam a pipocar, as preocupações começam a sair de suas tocas, daqueles cantos escondidos do meu cérebro, elas são como predadoras que correm atrás das boas idéias. Elas querem me distrair, querem sorver os meus bons pensamentos e novamente me deixar sem rumo. Next song.

Com um novo tom eu recomeço, mando as preocupações para o fundo do meu cérebro e continuo a ter boas ideias. O que escrevo tem algum sentido? Eu não sei se para todos isso faz sentido, mas pra mim isso significa que ainda não estou enlouquecendo. Eu sempre escrevi, desde pequena sempre mantive diários e colecionava lembranças. Bilhetinhos, cartas, fotografias e até mesmo pedrinhas que me lembravam de momentos em lugares onde estive. Por que eu não fiquei somente com as lembranças da memória? Porque nem sempre a gente consegue lembrar das memórias quando quer. Com as lembranças físicas, eu posso pegar e olhar um objeto e automaticamente lembrar. Se eu sempre me lembro de fazer isso é outra história, mas a caixa com todas as lembranças está lá, a vista, para quando eu quiser remechê-la. Nostalgia? Não, eu não me prendo ao passado. Eu apenas me fortaleço com as boas lembranças. Next song.

Não, eu não me esqueci das lembranças tristes, eu apenas não preciso de motivos para me lembrar delas, elas já me marcaram e me mudaram. Tudo nos marca, as coisas boas e  ruins, mas a únicas que valem a pena se apegar são as boas. Eu não sinto que preciso delas, mas as guardo com carinho. De tempos em tempos acabo revirando a caixa e jogando fora algumas coisas. Hoje aqui sentada, enquanto espero, eu gostaria de ter essa caixa de lembranças aqui comigo, porque eu preciso arrumar algumas coisas, me desfazer de algumas coisas desnecessárias e por em ordem aquilo que realmente importa. Next song.

Eu descobri que não tenho mais o que temer com relação ao futuro. Pelo menos não com relação a mim mesma. Eu me preocupo com a família, com o bem estar deles, mas comigo... eu vou muito bem, obrigada. Situação estranha essa de não precisar se preocupar com o dia de amanhã, nem com mais nada. Não que eu não tenha algumas urgências na minha vida, mas eu não me preocupo com elas, tudo depende de mim e eu sei que tudo vai dar certo. Next song.
 
Música melancólica. Dizem que nos momentos de tristeza é que somos capazes de escrever nossos melhores textos. Eu não concordo totalmente com isso, eu sei que em momentos de tristeza somos capazes de nos expressar com mais intensidade, mas eu experimentei a criatividade derivada da felicidade, e essa não deixou nada a desejar. Aliás, tem muita coisa que escrevi naquelas horas de tristeza que hoje acho péssimo. Estando feliz, ou nem uma coisa nem outra, parece que temos mais clareza. Agora eu ri a toa. Ontem eu chorei, ontem eu sofri, mas hoje não mais. Dizem também, que o sofrimento é proporcional a magnitude do amor que se viveu. Se for assim, então o que eu senti foi pouco. É... foi pouco, muito pouco. Muito pouco para que eu perca mais um dia pensando nisso, pouco demais para merecer mais alguma lágrima. Next song.

Caramba, como eu escrevo. Quanta bosta eu escrevo! I'm so sorry. Eu preciso escrever, para dizer tudo, e também dizer nada. Deixar essa tempestade de palavras fugir pelos meus dedos e depois entregar tudo para o cyber espaço. Assim eu tenho a impressão de que não preciso mais voltar aos mesmo pensamentos, renovar as ideias, criar mais espaço para as novas. E que venham! Novas ideias, novos sonhos, novas possibilidades! Ai ai ai, como a vida é boa! Aqui, sentada, enquanto espero... mas só até a hora do voo. Sim, eu só quero esse tipo de espera. Do resto? O resto permanecerá lá, aguardando, mas sem mais contar com a minha espera. Agora eu gargalho a toa. Todo mundo olha pra mim... eles devem achar que eu estou louca. Quem sabe... Ou eu estou louca, ou feliz. Se feliz, melhor. Se louca, então eu posso achar o que quiser, e assim eu acho que estou feliz!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Solilóquio

Dizem que quem conhece a felicidade não consegue aceitar humildemente a tristeza. Eu não poderia estar mais de acordo. Depois de uma felicidade aguda, daquelas que faz o coração disparar, as pernas ficarem bambas e a cabeça leve feito pluma, só nos resta a revolta com a chegada da tristeza. E essa chega num dia qualquer, sem mais nem menos, sem nenhum aviso. Eu queria poder viver num limbo entre uma e outra, só pra não sentir demais nenhuma das duas. Porque agora, além de triste eu ainda tenho que lidar com a revolta, e eu não quero estar triste, eu não tenho motivos para estar triste, mas mesmo assim triste estou! O mais engraçado é que nada aconteceu, e em geral nada acontece, mas a tristeza sempre chega.

Eu sei que isso faz parte da vida, faz parte da natureza de todas as coisas atingir um ápice de total desordem depois que elas passaram por um instante onde tudo parecia estar em ordem. Isso é a vida, tudo que tem um começo tem também um fim. Ou se quisermos usar um termo mais moderno, digamos que tudo isso é a tal da Entropia. Essa teoria sempre me deixa um tanto assustada. Se pensarmos bem, tudo isso que dizer que de qualquer maneira estamos sempre caminhando em direção a destruição de um ciclo, e que independente de qualquer coisa, a única certeza é o caos. Alguns caminhos, por mais caóticos que sejam, ainda te conduzem a coisas boas, mas depende da força de cada um persistir no caminho. De mim, eu só posso dizer que me esforço demais na hora errada, e tenho a suspeita de que me esforço de menos nas horas certas. Por mais que eu já tenha vivido, ainda falta a tal da experiência.

Mesmo sabendo que na vida tudo acaba em caos e destruição, ainda assim não podemos parar de viver. Pelo menos essa é a mensagem politicamente correta, pois eu sei que existe a opção de simplesmente parar. Mas ainda não chegou essa hora. Por isso, só me resta esperar o reinício de um novo ciclo. A espera pela tão desejada felicidade! Enquanto isso, eu digo e repito "Nós sempre teremos Paris".


O Adeus de Paris com um por do sol melancólico.

sábado, 14 de agosto de 2010

On

play

Eu queria ver no escuro do mundo
Aonde está o que você quer
Pra me transformar no que te agrada
No que me faça ver
Quais são as cores e as coisas pra te prender
Eu tive um sonho ruim...


>>

Rasgue as minhas cartas
E não me procure mais
Assim será melhor
Meu bem!
O retrato...


>>

Sangue, Sangue,
Sangue. . .

Chatterton, suicidou;
Kurt Cobain, suicidou;
Getúlio Vargas, suicidou;
Nietzsche, enloqueceu;
E eu não vou nada bem.
Não vou nada...


>>

É só pensar em você
Que muda o dia
Minha alegria...


pause

play

off

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Felicidade aguda

Há quem diga que acordar no susto por estar atrasada, e ainda tropeçar num gato preto em plena sexta feira treze pode ser um sinal de má sorte. Para mim, desconsiderando o fato da sexta ser treze, o cenário é bem comum. Afinal, quem dorme com gato preto sabe aonde está se metendo... Eu não sou uma pessoa supersticiosa, ao menos acho que não (se assim não for que se atrevam a dizer o contrário). Se eu fosse talvez pudesse me alarmar com a falha do computador no exato momento em que eu fazia o check-in, e com a série de turbulências que impediu o serviço de bordo durante todo o voo, ou ainda com o atraso da madrinha que ficou presa no trânsito. No entanto, nada me alarmou, eu afaguei a Naomi e pedi desculpas pelo tropeço, compensei o atraso deixando de fazer a maquiagem, aproveitei a sonolência e dormi de olhos abertos enquanto resolviam o problema no computador, fiquei lendo durante todo o meu voo e por fim coloquei os pés pra cima numa cadeira do aeroporto.

Ah, quem me dera sentir todo dia o que sinto no dia de hoje... (In)felizmente eu vivo numa montanha russa de sentimentos, em que ontem (anteontem e muito antes) eu sentia que o meu mundo havia desabado, mas hoje eu simplesmente podia dançar feliz sob os destroços. Nem todo dia sentimos que somos capazes de rir das nossas próprias misérias. E como eu ri hoje! A nossa querida Clarice já comentou sobre isso e também sobre o tal estado de felicidade aguda, e hoje eu lhes digo que este me deixa quase sem fôlego. O que é isso?!?! Ok, eu estou em casa. Minha terrinha, o cinza que eu tanto adoro, as chuvas, o frio e a umidade do ar... sim, a umidade. Que me ver com cara de boboca? Olhe pra mim saindo do avião em Floripa, até mesmo eu me surpreendo com a minha cara de felicidade quando sinto o cheiro da umidade do ar. 

Quem me dera que o segredo da felicidade fosse apenas um pouco de umidade. O que eu sinto é  uma saudade (boa), nostalgia radiante, e como um amigo me disse "eu gosto dessa Renata com esperança", eu sinto esperança. Eu acho que é isso que me deixa feliz hoje, a esperança de que posso iniciar um novo capítulo. Não se enganem pensando que eu esqueci dos capítulos anteriores, pois eu não os esqueci. Eu apenas resolvi parar de reler as mesmas linhas e virar as páginas, afinal de contas muitas delas já estão mais do que decoradas. Agora tudo vai ser diferente? Que nada! Agora eu tento fazer algumas coisas serem diferentes, mas não prometo nada... 

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Utopia?

O coração se acostuma com tudo que é bom, e com o que é ruim também. Chamem isso de aprendizado, ou quem sabe de auto proteção, mas não costumo mais sofrer como antes, ou prefiro sequer pensar em sofrer. Eu só sei que o coração está cansado. Ele quer tanto e pouco lhe é oferecido, ou até mesmo nada. O que eu faço com o tal coração? Ignoro sua existência e passo a me guiar somente pela cabeça? Acho ingênuo quem pensa que essas duas coisas, cabeça e coração, podem ser independentes. Eles tem uma ligação transitiva, onde um lado pode ser mais forte ou mais fraco, mas definitivamente nunca equilibrado. Equilíbrio é algo que não existe em assuntos que envolvem o coração.

Como no quadro O Beijo de Klimt, o amor é essa auréola dourada que envolve o casal, que está totalmente absorto num beijo passageiro. Passageiro, essa é a questão. No quadro o casal está a beira de um abismo rodeado pela escuridão, e ao mesmo tempo eles permanecem petrificados naquele beijo. A utopia preservada num quadro, o momento eterno do beijo, o instante tão precioso. Você conhece aquela sensação de "o mundo pode parar agora, pois eu estaria feliz para sempre" ou "o mundo pode acabar neste instante, porque eu sou feliz" ?  Não? Sim? Eu conheço, eu já senti isso algumas vezes. Quem sabe seja por isso que eu continue tentando. Sim, eu já fui muito feliz! É por isso que gosto tanto desse quadro, ele me lembra daqueles instantes felizes em que nada mais importava. O problema é que na vida temos que abrir os olhos para a realidade, ela nos cerca como um abismo, mas se por medo nunca nos entregarmos a esses instantes... ainda valerá a pena viver? Não. Não para mim. Que seja eterno ou passageiro, profundo ou raso, completo ou incompleto, eu só preciso sentir que a vida vale a pena. Isso tudo é mais uma utopia? Eu espero que não...

terça-feira, 10 de agosto de 2010

No escuro

um simples suspiro...
no escuro eu me entrego
deixo de ser e estar
só observo e espero sentir
o único lugar onde estar de olhos abertos não faz diferença
podemos querer enxergar, ou não, mas nada mais importa
aninhe-se na escuridão e espere os sentidos te dominarem
nada mais importa
só sentir...

o que é real? o que é imaginário?
um sonho nunca será uma realidade
a realidade jamais será como um sonho
querer estar desperto ou sonhando?
enquanto sonho, eu desejo
enquanto desperto, eu temo
não existem limitações quando se sonha
escolher acordar cria barreiras

a escolha nunca é minha
apenas os sonhos são (serão) meus
nunca são reais, são apenas sonhos
quem eu seria sem eles?
não seria nem a sombra de quem eu sou
apenas deixe-me sonhar mais um pouco...

as palavras marcam como ferro em brasa
e são tão fugidias como areia entre os dedos
nenhuma delas é um sentença
somente uma ideia, um sonho, minha utopia
não devo mais falar, nem sonhar?
deixar de ser quem sou?
nunca! nunca vou me calar!

fecho os meus olhos para me esconder da luz
brincar de me encolher na minha escuridão
ninguém vai me encontrar
ninguém vem me encontrar
meus gritos são mudos
meus olhos cegos
coração vazio...

as lágrimas não existem
petrificadas selam os meus olhos
um toque... e nada mais...
só é preciso um toque para me acordar
é necessário acordar... eu preciso acordar
onde está? onde está?
onde? o que? quando?
sem jamais saber o porquê.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Não consigo mais pensar...

Hoje eu acordei com o barulho do vento. Como em outros dias, ele faz janelas da casa uivarem. Eu me recordo que já perdi o sono por causa disso, e que também já achei bom deixar os uivos calarem os meus pensamentos. Eu sinto um sentimento confuso, um tanto nostálgico quando ouço esse som do vento. Eu lembro da minha infância, de quando eu ficava deitada na minha cama observando a claridade entrar pela janela, e me deixando hipnotizar pelo vai e vem trêmulo e tenso do vento na cortina. Eu ouvia os uivos e pensava na solidão. Os uivos sempre me fazem pensar na solidão, na saudade, e até mesmo num sentimento de abandono. Eu gosto de pensar, embora algumas vezes isso me enlouqueça, eu acho que ultimamente pensar tem sido a minha salvação. Isso soa um tanto dramático (eu sou dramática), mas é verdade. Pensar também cansa, e eu começo a cansar. Eu acho que é falta de prática, porque eu penso demais, mas nem sempre pensava nas coisas certas. O vento começa a me incomodar porque eu quero pensar, e ele abafa os meus pensamentos. Então eu penso, quem sabe ele esteja apenas tentando me ajudar dizendo "pare de pensar". Talvez sim, talvez não... tudo isso pode ser um delírio, um devaneio, uma ilusão de uma pessoa confusa e perdida, que pensa demais...

sábado, 7 de agosto de 2010

Cuidado, não se aproxime!

Algumas vezes deixamos de dizer o que pensamos porque não queremos assustar ninguém, ou para não fazer papel de boba. O que temos a perder? A vida já é efêmera demais para que deixemos de viver por medo do que as pessoas podem pensar. Eu conheço o limite entre a sinceridade e a auto preservação. E a minha mensagem não é apenas um desabafo, ela é um aviso. Cuidado! Eu sou assim, esses são os meus sonhos e  os desejos. Se aproxime ou se afaste, mas antes saiba com o que está lidando. Eu não me importo mais com nada, o importante é ser clara. Patética? Provavelmente... mas pelo menos eu tenho coragem de dizer o que penso.


Eu quero te acordar fazendo cóssegas na tua barriga
sair de fininho da cama pra te fazer um café da manhã
te dar beijos de bom dia, boa tarde e boa noite
andar de mãos dadas por todos os caminhos
brincar de acertar os meus passos com os seus
contemplar o mar, o céu e as montanhas
te enlaçar todo dia num abraço apertado
ficar olhando para o teu rosto distraído

Eu quero dizer o que sinto com apenas um olhar
ficar falando bobagens (ou não) pra te fazer sorrir
aquecer o teu corpo nas noites frias de inverno
soprar no seu pescoço nas noites quentes de verão
fazer cafuné, fazer mais cafuné, fazer muito cafuné
beijar cada cantinho do seu pescoço, rosto, boca
sussurrar coisas gostosas no seu ouvido
ficar na cama de bobeira o sábado inteiro
trazer panquecas de café da manhã no domingo

Eu quero contar os segredos
combinar os sonhos e desejos
dividir os pesadelos e os medos
planejar o dia, o mês, o ano, a vida
compartilhar todas as alegrias
amenizar as tristezas e angústias
te surpreender e também te assustar

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Educação emocional

A vida é boa! Sim, a vida é ótima! Não, eu não estou (só) particularmente feliz. Eu estou feliz num todo, e isso é bom demais! Agora pensando naquele conceito de "ser feliz por nada"... Será que eu estou feliz por nada? Eu não sei, eu acho que em parte sim, mas também acho que tenho muito com o que ser feliz. Mas se eu pegar tudo aquilo que considero muito, e imaginar minha vida sem tudo isso, eu acho que ainda teria motivos para sorrir... talvez nem tanto quanto agora, mas ainda assim eu poderia sorrir. Eu sei, eu sei... a vida nem sempre é assim, uns dias são mais difíceis que outros... e alguns podem até mesmo ser sinistros (e não falo do sinixxxxtro carioca)... mas no fim tudo da certo.

Eu passei por muitos dias tristes, e olhando para trás hoje eu agradeço por estes dias, porque precisamos das adversidades para crescer. Confesso que gosto de estar no fundo do poço, pois só assim podemos nos forçar a nos reerguer novamente. Se não matar, vai fortalecer. Ao mesmo tempo, apesar de toda essa felicidade, eu me sinto um tanto temerosa... Eu nunca fui tanto eu mesma quanto estou sendo agora. E isso é algo que me assusta. Ser eu mesma faz parte do aprendizado, mas ainda é algo incomum. Sinto o peito leve por estar simplesmente sendo quem eu sou, sem precisar representar, fingir ou interpretar um papel. Nada de esforço, nenhuma compensação, somente deixar transparecer a verdadeira Renata. O temor vem do fato de que se deixar ser vista significa se expor... deixar as pessoas verem você da maneira que você é, mostrando todas as coisas boas e as ruins também.

Novamente, tudo isso faz parte do aprendizado. Aprender que você nem sempre consegue agradar a todo mundo. Que nem sempre as pessoas saberão te valorizar. Aprender que as coisas nem sempre dão certo. Aliás, que algumas coisas sequer tem chance de dar certo. Aprender a apostar, mas sem entregar todas as fichas de uma só vez... como se toda a sua vida dependesse deste único lance. Aprender a deixar as pessoas irem embora, e também a deixá-las se aproximarem de você. Aprender a reconhecer quem que te faz feliz. E principalmente... independentemente de qualquer pessoa, continuar sendo feliz.

Ainda estou aprendendo... e como toda boa aprendiz... eu ainda cometo erros, mas menores dos que os anteriores. O importante é continuar tentando.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Alguém?

Hoje eu me perguntei: O que mudou nesses últimos dois meses? E eu respondi: Eu mudei. Mas, eu não mudei quem eu sou. O que mudou foi a maneira de olhar para a vida. O que mudou foram as idéias e as opiniões sobre as coisas. E eu repito novamente: Ainda bem que opinião não é algo imutável. Mesmo assim, eu me assusto com essas mudanças, porque agora tudo parece mais leve, mais claro... mas não menos complicado. Eu me assusto porque tudo está como antes, exceto por mim mesma. Parece uma experiência alienígena, tudo parece o mesmo, mas eu não me sinto a mesma e nem olho para as coisas da mesma maneira. Eu nem sinto da mesma forma as coisas que antigamente sentia. Me sinto dormente, meio entorpecida. O que é isso? O que aconteceu comigo? Na verdade, eu acho que ainda não encarei os problemas de frente. Eu estou segura na minha bolha particular. Protegida pelo mundo exterior. Sim, eu estou vivendo no meu mundinho. Alô, tem alguém aí? Eu voltei, você alguma coisa pra me perguntar? Alguém mais sabe que eu existo? Alguém se importa? Alguém?

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Voltando...

Agora, sentada na recepção do hotel, enquanto esperamos pela van que irá nos levar ao aeroporto, eu penso... eu reflito... eu faço um balanço da viagem... começo a voltar psicologicamente para o Brasil... Eu já sinto as mudanças, as diferenças, as possibilidades... Mas eu me pergunto, será que quero tanta mudança? Eu estava segura vivendo na minha conchinha, mesmo que não estivesse  tão feliz... mas pelo menos eu sabia exatamente qual seria o próximo passo, pois este dependia unicamente de mim. Será que serei forte? Terei coragem de continuar nesse processo de mudança? A ressaca moral já não dói tanto, ela é só uma dorzinha de cabeça. O reflexo no espelho não mais me incomoda, na verdade... eu olho para ele e sorrio. A respiração ainda está pesada, mas acho que é pela ansiedade. A maldita ansiedade! O medo da incerteza. Ufa... respire... tudo vai dar certo... tudo vai dar certo... Aquele meu sexto sentido me diz que algo grande vem por aí, algo maior do que aquilo que já sei, alguma coisa além do meu controle. Renata não gosta de perder o controle. Eu não sei perder o controle. Lembra da ressaca? Pois bem, está na hora de fechar os olhos e se deixar levar. Não pense, não reflita, só deixa acontecer. Uma coisa de cada vez, um dia de cada vez... e não se apresse. Pressa, eu peco pela pressa, novamente a tal ansiedade. Eu acho que tenho fome de viver, eu preciso preencher uma falta... maldita falta... Mas estou feliz, estou bem, estou renovada e meio entorpecida. Acordando do sonho, voltando a razão...

domingo, 1 de agosto de 2010

La vie en rose

Ontem visitamos o Louvre pela manhã e o parque La vilette a tarde. Parece impossível ver dois museus como esses no mesmo dia, mas não tínhamos a pretensão de ver tudo, apenas ter um gostinho do Louvre. Tenho o sentimento de que devo deixar algo em aberto, como uma promessa de outra visita. E quanto ao La Vilette, ele é interessante, mas o melhor desse passeio foi a companhia, ou melhor, a "surpresa" desta viagem. A surpresa começou com a mensagem "estou indo para Paris este fim de semana para te ver". Et voilà, la surprise...

Rodrigo, Eu e Anderson no parque da Cité La Vilette
 
Depois de visitar 15 museus e o arco do triunfo, hoje enfim visitamos La Tour Eiffel. O último monumento, e o golpe de misericórdia para as nossas pernas cansadas, mas o esforço vale muito a pena. Subimos apenas até o segundo andar da torre, mas a vista já é fantástica, e a subida pelas escadas é legal porque você pode apreciar a vista da subida aos poucos. Reconhecer todos os lugares que você já visitou, e pelo menos ver de longe os outros lugares que visitará um outro dia. Numa época turística, você deve ter paciência para encarar as filas e todo o movimento na torre, mas hoje nada importava... parce que aujourd'hui, je vois la vie en rose.

É sobre isso que eu quero falar hoje, do significado desta frase. O significa "ver a vida em cor de rosa" ? O que ela significa para você? Eu digo que para mim ela significa ser feliz! Uma felicidade simples e surpreendente, que vem não se sabe de onde, nem quando, nem porquê... a simples felicidade de se estar no lugar certo, no momento certo. Sem esforço, sem pretensão e sem medos. A felicidade merecida e oferecida sem pedidos. Apenas uma abraço e um sorriso sincero. Sim, a felicidade deve ser algo fácil de se ter. Hoje eu acredito nisso, realmente deve ser fácil, simples como respirar... Paris sempre estará no meu coração, mas a partir de hoje mais do que apenas pela beleza, mas pela lembrança dessa felicidade pura. Sim, pensar em partir faz as lágrimas virem aos olhos, mas ainda assim são lágrimas de felicidade, porque este não é o fim... é apenas o começo de mais uma jornada.