quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Utopia?

O coração se acostuma com tudo que é bom, e com o que é ruim também. Chamem isso de aprendizado, ou quem sabe de auto proteção, mas não costumo mais sofrer como antes, ou prefiro sequer pensar em sofrer. Eu só sei que o coração está cansado. Ele quer tanto e pouco lhe é oferecido, ou até mesmo nada. O que eu faço com o tal coração? Ignoro sua existência e passo a me guiar somente pela cabeça? Acho ingênuo quem pensa que essas duas coisas, cabeça e coração, podem ser independentes. Eles tem uma ligação transitiva, onde um lado pode ser mais forte ou mais fraco, mas definitivamente nunca equilibrado. Equilíbrio é algo que não existe em assuntos que envolvem o coração.

Como no quadro O Beijo de Klimt, o amor é essa auréola dourada que envolve o casal, que está totalmente absorto num beijo passageiro. Passageiro, essa é a questão. No quadro o casal está a beira de um abismo rodeado pela escuridão, e ao mesmo tempo eles permanecem petrificados naquele beijo. A utopia preservada num quadro, o momento eterno do beijo, o instante tão precioso. Você conhece aquela sensação de "o mundo pode parar agora, pois eu estaria feliz para sempre" ou "o mundo pode acabar neste instante, porque eu sou feliz" ?  Não? Sim? Eu conheço, eu já senti isso algumas vezes. Quem sabe seja por isso que eu continue tentando. Sim, eu já fui muito feliz! É por isso que gosto tanto desse quadro, ele me lembra daqueles instantes felizes em que nada mais importava. O problema é que na vida temos que abrir os olhos para a realidade, ela nos cerca como um abismo, mas se por medo nunca nos entregarmos a esses instantes... ainda valerá a pena viver? Não. Não para mim. Que seja eterno ou passageiro, profundo ou raso, completo ou incompleto, eu só preciso sentir que a vida vale a pena. Isso tudo é mais uma utopia? Eu espero que não...

Nenhum comentário: