domingo, 30 de dezembro de 2012

Seleção de Domingo: Retrospectiva aleatória de 2012

Minha música preferida do momento: 


Cantei na beira da piscina na véspera de natal:



Voltando a falar sério. Tema de viagem para Paris:



Musica que cantei com cara de poderosa na frente do espelho:


Musica que embalou muitas ondas de choro sozinha no quarto, no carro, no banho de chuveiro, no último banco do ônibus...



FODÁSTICA:


Perdi a linha, por aí vai... As músicas nunca acabam, os anos sim.
E que venham as novas músicas para embalar nossas vidas.
Até 2013! Feliz Ano Novo!

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

A entropia dos sentimentos


“Sometimes I’m terrified of my heart;
of its constant hunger for whatever it is it wants.
The way it stops and starts.”
Edgar Allan Poe


Se eu soubesse a receita para esquecer eu esqueceria de tudo. Se eu pudesse segurar o sentimento com as duas mãos e arrancar do meu peito eu o faria com toda a força do meu corpo. Se, simplesmente se... Só que as coisas não são simples assim. E agora chegou o momento que eu mais temia, eu tive que cumprir uma promessa que eu fiz para mim mesma: Nunca mais mentir. Eu me cansei do baile de máscaras, de fingir ser quem eu não sou, de fingir que não me importo, que eu não sinto nada... Eu sinto, como eu sinto, eu sinto muito... sinto muito por sentir. Sinto que o meu mundo se despedaçou, eu queria poder explicar, mas não há explicação. A culpa foi minha por nunca ter dito nada. Uma vez que as palavras foram ditas, não há mais volta, as coisas nunca mais serão como antes. Meu coração está partido mais uma vez. Temo perder mais pessoas que amo. Dramática, eu sei, mas é assim que eu sinto. Você não precisa concordar comigo, basta tentar compreender. Até breve, assim espero.


quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Versinho da estrada

aaMeu estômago se revolta
aaaatoda vez que você volta
aaaaaanuma palavra, num gesto
aaaaaaaana hipocrisia de cada dia
aaaaaaaaaacom o aroma do perfume
aaaaaaaaaaaada pele ou só da fumaça
aaaaaaaaaaaaaade um cigarro que passa
aaaaaaaaaaaaaaaamalditos sejam os sentidos
aaaaaaaaaaaaaaaaaaas ilusões, as lembranças
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaae a mais vagabunda ironia
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaque me faz lembrar de ti
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaapor causa de uma placa
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaanessa desgraçada estrada
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaperdida no meio do nada.


sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Confissão


Eu só queria poder olhar nos teus olhos e dizer...


...que eu ainda espero pelo instante da sua chegada.
Eu confesso, eu ainda espero... Apesar dos pesares.

domingo, 2 de dezembro de 2012

think outside the box

Eu não ando me sentindo muito bem, simplesmente não sinto. Blasé, sabe como é? Será que você sabe mesmo? Eu me sinto como o gato de Schrödinger. Será que algum dia alguém pensou nos sentimentos do gato? Bem, eu acho que ele não sente muita coisa, estar vivo e morto ao mesmo tempo é algo paralisante. Eu me sinto assim, paralisada, presa dentro de mim mesma. Só saindo de dentro da caixa é que a gente vai descobrir a verdade. Mas, o que é verdade? Eu (quase) nunca deixo transparecer a minha. Eu tenho medo. Eu não sei medir verdades, mentiras. Eu me perco, eu me distancio de mim mesma, de tudo. Eu tento ser diferente. Como eu tento! Mas no fim, a gente tem que ser quem a gente é. E se possível, rir de tudo isso. Pelo menos a ironia me faz rir. E como!


terça-feira, 27 de novembro de 2012

(suspensa)mentos

A vida te molda, mas o que te define são as escolhas que você faz. Mas como disse V. Klamt: "já não cabem os desejos nesta pele". Há momentos em que a única escolha é não escolher. Simplesmente... Restar.
Foto por Margaret Durow


Mas, e se eu te pedir que reste perto de mim? Basta ficar perto. Até o silêncio me basta, desde que seja próximo.



quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Os (de)feitos do Horário de Verão

Ela adormeceu tranqüila, no seu mundo digital, todos os relógios se ajustariam sozinhos. E eles se ajustaram. Ela acordou as 7h da manhã, sozinha. Claro, muito claro! Café. Adeus, mamãe! Silêncio. Sobe as cadeiras, sacode os tapetes, abre as janelas. O alarme toca e lá se vão as duas pílulas da manhã. Varre, varre, varre, pano, água cheirosa, torce, torce, passa pano, passa pano, passa! Banho! Corre de toalha para lá, para cá, passa creme, creme e mais creme, amarra o cabelo, grampos, secador, alisa, escova, escova, escova, escova sem parar. Arroz! Ela lembrou que esqueceu de fazer o arroz! Bota a água para ferver. Volta. Roupa... Já sei!, ela disse. O que num dia levaria uma hora de dúvida, hoje ela resolve tudo em um minuto. Jeans, óbvio! Camisa, sim, mas vermelha! O Arroz!!! Azeite, arroz, pó mágico, água, pronto! Roupa, ok. Espelho. Ui credo! Corretivo, pó, pó, pó,... cof, cof, cof. Sombra, lápis, rímel, coisa grudenta! Blush, blush. Pronto! Bem melhor! O arroz!!!! Tudo bem. Tudo bem. Almoço. Rua. No ponto de ônibus ela passou o batom vermelho. E lá vem o amarelinho! A porta se abre e a visão de um par de sapatos faz o coração dela pular. Musica calma, acalma. Ela precisava pensar claramente. Chegando, quase chegando. Ela anseia. Ela planeja, desisto ou não desisto... Ela pega na bolsa um de seus marcadores de livro. Ela se prepara para saltar no ponto. Ela estende a mão para o menino do banco do lado, oferece o marcador, levanta e sai. Ela, catatônica na calçada, esquece do mundo. O coração querendo sair pela boca. Os carros passando. Calor. As pessoas esbarrando nela. Frio. Ande! Ela foi. Tremedeira. Trabalho. Café. E-mail. Trabalho. Sorrisos. Parabéns para você! Ela fala, e muito. Ela faz rir. Ela ri. Muita tremedeira. Acelerada. Cabeça pesada. Como ela sorriu, como ela falou, mas como? Sim, ela falou. Ela sorriu, aquele mesmo sorriso das outras épocas, aquelas... sabe? Ela sorri para o garoto ao lado dela. Ela conversa. Ela faz o garoto sorrir. E como ela faz! E como? Ela pensa em todos eles, os sorrisos que provocou, e se pergunta. Como? Quem é você? Ela sabe. Ela sabe que saiu do eixo. Ela precisa voltar, com calma, mas precisa. Ela esqueceu que ela mesma precisava se ajustar também, assim como o horário de verão. Então ela fecha os olhos, respira fundo e se ajusta. Ela tenta... Mas no fundo só pensa... E qual será o fim do meu marcador de livros?


Ajuste-se!!!!

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Advertência: A evocação contínua de memórias pode causar efeitos colaterais graves.


A distância entre a vivência e a realidade causa lacunas e dúvidas, impelindo o ser humano a sobrepô-las com "fatos". 

P.S.: A minha semana foi infernal. Mais uma vez eu cheguei ao meu limite. E mais uma vez eu pensei: Eu acho que vou morrer. Mas eu não morri, ainda estou aqui e a conclusão da semana foi que eu não fiz nenhum avanço, só retrocessos. Eu fiz tudo errado, enganei os outros a mim mesma no processo e ainda continuo pensar em como errar mais. Eu nem sei como explicar. Eu sou um erro, mas agora, nesse instante, isso não parece tão ruim. Ontem sim, mas hoje não. Eu ontem li essa frase num livro, enquanto esperava que o trânsito permitisse que o meu ônibus finalmente me tirasse da minha quinta feira dos infernos. Ela me fez pensar e esquecer por um segundo os meus erros. Desabafei. Fim.

domingo, 23 de setembro de 2012

Hesitações

Caminhar, seguir em frente, mover-se, vagar, se perder, talvez... O importante é nunca ficar parada, de preferência indo o mais rápido possível seja lá para onde for, pouco importa, só vá! A gente não pensa enquanto corre, o tempo passa mais rápido quando a gente corre, o tempo corre ainda mais rápido quando a gente não tem tempo para se preocupar.


Distração, eu não quero viver uma vida distraída, uma vida fugitiva, esperando o tempo passar, esperando... Quando se raciocina, tem-se sempre medo. Eu só raciocino parada com os dois pés bem no chão, ou com os pés para o ar e a cabeça pesando num travesseiro, ou no ônibus... Senhor, como a gente pensa no ônibus!
*****
Às vezes eu fecho os meus olhos e espero um pouco, depois eu os abro novamente só para ver se alguma coisa mudou... Quem sabe se, sem eu ver, alguma coisa aconteça. Tudo o que a gente quer é que alguma coisa aconteça. Não é? Qualquer coisa. E quando algo acontece a gente começa a se perguntar: Será? Por que será?


O meu tempo se esvai enquanto eu fico encarando uma certa esquina, esperando que alguém, seja lá quem ele for, simplesmente apareça. Talvez, no dia em que ele aparecer, todo o tempo perdido não parecerá tão perdido assim, acho até que vou pensar que valeu a pena ter perdido todo aquele tempo por apenas um instante, um simples instante, em que eu vou desejar... Quem me dera se o tempo pudesse parar... Pena que não para, pena que tudo passa tão rápido.


Fotos por Rodney Smith.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

sábado, 8 de setembro de 2012

Poesia passageira - No.14

DOLOROSA

Doeu tanto amar
que eu amo mais
a dor
do que a mim
do que a você.

Dói
na pele
na carne
na alma
uma dor aninhada
profunda
como um espinho
uma lembrança.

Doerá
em quem
doer
todo amor
que eu tenho
eu sinto
eu guardo
eu omito
só 
por você.



domingo, 2 de setembro de 2012

Retalhos

Não, não é fácil. Não é simples. Não é tranqüilo.
Não é nada daquilo que eu imaginava. Não é!


Na minha janela o dia morre
e mais uma vez e eu penso na morte.


Eu penso naquele dia, aquele dia... o dia em que nada mais terá sentido. Um dia nada mais terá sentido. Um dia eu vou morrer. Parece tão... fácil...

Não se preocupe, eu estou bem.
Eu SEMPRE estou bem!

Eu sou uma boneca de porcelana. Bela. Pálida. Quebradiça. Frágil não, só delicada, se é que você me entende... Talvez não entenda, mas de toda forma eu não vou saber se você me entende ou não. Isso não é essencial. Vive-se muito bem quando a gente não se importa muito com as coisas. O difícil é viver quando a gente se importa, ou vice-versa. Confuso...


Eu tenho mania de rimas.
Errática, lunática, sorumbática...
Eu tenho mania de manias.
A caneta vermelha com os vermelho mais vermelho.
Arrumar a cama só para desarrumar mais tarde.
Pintar a cara para ficar (ainda mais) bonita.
Cozinhar a manhã inteira de salto alto só para amaciar o sapato.
Vick vaporub nos pés (nem me pergunte!).


Às vezes as rimas não rimam...
Às vezes manias não são só manias...
Às vezes...

sábado, 25 de agosto de 2012

Por que esse medo de perder?

Um mais um é igual a dois, simples assim. Nós, nós dois. Eu sou eu e você é você, mas em se tratando de nós dois, eu não sei até onde você é você e até onde eu sou eu. Confuso, não? Parecia simples, mas ficou confuso rápido demais. Uma vez me disseram que o amor dever ser fácil, tranqüilo. Mas comigo nada é tranqüilo. Eu não sou uma pessoa tranqüila, eu sou calada, sou lenta... mas inquieta. Eu tenho mais perguntas que respostas, muitas perguntas sem resposta... Confuso, não? Deveria ser tudo muito simples, mas nada é simples. Por isso eu não faço promessas, nem dou garantias. Eu sei que vou te amar, mas eu não sei o quão difícil vai ser te amar. Eu não sei o quão difícil vai ser para você, me amar. Porque amar é difícil, você sabia? Ainda mais quando tem que ser recíproco. Confuso, não? Por que é que tem que ser? Por que esse medo de não conseguir? Por que esse medo de perder? Como um grande compositor popular escreveu: "Tudo o que se ganha nessa vida é pra perder." E até perder... Porque não viver?

Foto por Heather Landis.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A minha felicidade é amarga...


Num copo com água. Uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze, doze, treze, quatorze, quinze, dezesseis, dezessete, dezoito, dezenove, vinte, vinte e um, vinte e dois, vinte e três, vinte e quatro, vinte e cinco, vinte e seis, vinte e sete, vinte e oito, vinte e nove, trinta, trinta e um, trinta e dois, trinta e três, trinta e quatro, trinta e cinco, trinta e seis, trinta e sete, trinta e oito, trinta e nove, quarenta gotas. Todo dia ela faz tudo sempre igual. Me sacode às nove da manhã. Me sorri um sorriso pontual. E me beija com a boca de amargor. Bom dia!

domingo, 12 de agosto de 2012

Bonjour tristesse



Depuis qu'on est ensemble
Tu viens chaque matin
Me donner la première caresse
Bonjour tristesse.

Amie qui me ressembles
Tu es le seul miroir
Où je peux contempler ma jeunesse
Bonjour tristesse.

Tu sais le secret de ma peine
Car c'est toi qui l'as bercé
Et s'il faut que je me souvienne
Tu viens poser ta main sur les miennes
Et toi tu n'oublies jamais
Depuis qu'on est ensemble
Tu es mon seul amour
J'ai trop de faiblesse
Pour te quitter
Bonjour tristesse

Depuis qu'on est ensemble
Tu es mon seul amour
Et j'ai trop de faiblesse
Pour te quitter
Bonjour tristesse.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

domingo, 15 de julho de 2012

Reflexão

Eu sou feita de pedaços que fui juntando de mim mesma. Um pedaço aqui, outro acolá, eu sou tudo o que eu vivi, eu sou tudo o que eu mesma construí. Quando eu me olho no espelho vejo todos os pedaços, todos juntos, tão bem colocados que eu mesma não me reconheço neles. "Ser ou não ser. Isso não é realmente uma questão."* Eu não sou os pedaços que eu mostro, eu sou também aqueles que eu escondo. Talvez seja por isso que o espelho não me reflete, eu me escondi tão fundo em mim mesma que nem eu consigo mais me ver. E o que há para ver? Eu queria dizer que não sei, mas eu sei. O que eu não sei é como...






* Tradução livre de uma citação atribuída a Jean-Luc Godard: "To be or not to be. That's not really a question.".

Hoje eu acordei...

Madonna 'Girls Gone Wild' from Hani AlYousif on Vimeo.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Adormeço em teus braços


        CASULO

eu  A loucura
A minha me enclausura
eu me eu   em mim
eu eu  inconsciente
eu me eu eu mente
inconse inconseqüente
eu eu me engano
eu me eu e eu finjo
eu me eu talvez
eu me eu fujo
eu e refúgio
eu me   silêncio
eiii me      solidão 
eu eu transformação
o corpo chora
o corpo clama
o corpo ama
o coração o coração
o corpo talvez
mo coração não
o coração ame
o coração se ame
eu nunca mais
eu me eu  nunca é
eu me eu  sempre
eu eu  tempo demais
pouco tempo
perder tempo perdido
eu para viver
eu adormecida
eu eu eu eu num
eu eu eu   casulo
eu com medo
eu tenho de acordar
eu tenho de não acordar
eu tenho de não querer
eu tenho de não acordar
hoje hoje eu eu eu mas
hoje hoje hoje hoje
hoje hoje agora
hoje hoje eu sei
hoj quem eu sou
hoje hoje agora
hoje hoje eu sou
hoj quem eu jamais fui
   e quem
eu eu eu eu
               sempre fui
eu me eu  sem saber
o coração me   ao certo
hoje hoje como
hoje hoje ser
eu eu feliz
eu eu assim
hoje hoje eu aprendi
hoje hoje eu se que
amo amo os  amantes
amo amo amam antes
amo amo que
aiio seja tarde
hoje hoje eu demais
eu ou não amam
eu ei nunca mais 
eu porém
eu eu eu contudo
 toda via
eu eu eu na dúvida
eu adormeço 
eu eu eu eu não mais
eu eu cativa
eu eu em mim
eu eu eu mas
eu   nos braços
eu eu eu gratos
eu   ingratos
eu eu eu efêmeros
eu eu eu ou
e com sorte
eu eu eu eu infinitos...

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Perdida

As vezes eu sinto como se eu fosse a agulha da bússola e você o meu norte. A diferença é que é você quem se move e eu fico lá parada apontando para onde quer que você vá. Você se afasta, se aproxima, vai e vem para todos os lados e eu sigo magnetizada por você. Eu sinto que o meu corpo me trai toda vez que se atrai por você, como se ele se rebelasse contra mim e se entregasse ao seu bel-prazer. Você nunca me guia, só me desorienta. 

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Lençóis de seda

Uma cama nunca é só uma cama. Os lençóis nunca são só lençóis. O desejo nunca é só desejo. Eu entrei no quarto com paredes de veludo. Joguei a bolsa e o casaco na poltrona e tirei os sapatos. No móvel do canto encontrei uma jarra de cristal com vinho e algumas taças. Eu escolhi uma taça e me servi. Sedenta, bebi tudo de uma vez. A segunda taça eu bebi com mais calma, enquanto andava pelo quarto tocando as paredes com a ponta dos dedos. A terceira taça eu saboreei sentindo a brisa da noite na janela. Olhei o relógio e o meu coração acelerou. O último gole. Juntei a minha taça as outras e me sentei na cama com lençóis de seda. Senti o calor do vinho se espalhando por todo o meu corpo.

Ele entrou e chaveou a porta. Ele me deu aquele olhar que sempre me fazia tremer. E como sempre o mesmo sorriso provocador. Ele se serviu de um pouco de vinho. Mais uma taça junto as outras. Nenhuma palavra, nunca. Eu me deitei na cama com lençóis de seda. Ele se deitou na cama com lençóis de seda. Os corpos nunca foram nossos, nunca nossos, sempre foram só de um ou do outro. Culpamos o desejo, seja lá qual fosse, de quem fosse, pelos lençóis manchados e amarrotados. O prazer de um nunca é o mesmo que o do outro, o prazer de cada um é sagrado, é santo.

Eu me vestia na frente do espelho e sabia que ele me olhava. Ele se aproximou por trás e colocou as mãos nos meus ombros. Eu não conseguia abrir os olhos. Eu queria vê-lo, mas eu não conseguia abrir os olhos. Ele cheirou o meu cabelo e me beijou no pescoço. Então, ele se soltou de mim e foi em direção a porta. Eu abri os olhos e me vi no espelho. Eu me virei e sufoquei, não consegui falar. Ele me olhou por uns segundos e desviou o olhar. Eu senti as lágrimas vindo e fechei os olhos. Eu esperei que ele se fosse. "Eu sei. Eu também." ele disse com uma voz suave. Eu abri os olhos e ele já não estava mais lá. Só me restou o silêncio e os vestígios de nós dois.

Foto por Robert Doisneau.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Eu não te amo pelas rosas, eu te amo pelos espinhos.


Eu não te amo porque te quero
eu te amo porque é preciso.




Eu não te amo pelas razões
eu te amo pelas inconseqüências.




Eu não te amo porque é certo
eu te amo porque tudo é incerto.


*Fotos por Laura Makabresku.

domingo, 6 de maio de 2012

Como queres ser

Aos teus olhos eu ainda sou a mesma praga
aquela que jurou ser tua por uma eternidade
mas não, eu não sou mais a mesma de antes.
Eu morri trezentos e sessenta e cinco vezes
e ressuscitei trezentos e sessenta e cinco vezes
em duas infindas existências de tormenta.
Se hoje tu ainda me tens como algo teu
tudo o que te pertence é somente poeira
pois o tempo se esvai como a mim mesma.
Eu mudei quando tu deixastes de me olhar
e tu, não mudastes nada, és tu, só mais triste
mais amargo, mais cruel, como queres ser.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Num café

Ela fugiu do barulho da rua entrando num café. Na verdade, este não era um café arbitrário, era um de seus novos cafés prediletos. Sim, novos porque ela estava de volta à cidade fazia pouco tempo. E um novo café é como uma folha em branco que pode ser preenchida com novas histórias, novas memórias. O café em questão só tinha uma memória até aquele momento, mas muito em breve teria outra muito importante.

Uma média com leite, um mil folhas e uma garrafa de água com gás, servidos no balcão. Ela tomou um gole do café fumegante, muito quente, mas muito bom. Um gole de água para limpar o palato e uma garfada no empilhado de folhas crocantes recheadas com creme e um detalhe de doce de leite. Ela era purista mas se rendeu à nova composição de sabores, não era um millefeuille afinal de contas, era um mil folhas.

Entre goles e garfadas ela olhava pela parede de vidro o movimento na rua. Ela se viu pensando nela mesma, na vida que estava mudando, tomando um rumo desgovernado, mas que a conduzia para um bom fim, um fim digno e aceitável. Não era um momento de grandes emoções, ela não se sentia feliz como deveria estar, mas também não se sentia triste, ela simplesmente não sentia. Tudo estava bem, tudo parecia bem.

Lá fora as pessoas aceleraram o passo por causa da chuva. Ali dentro ela recém havia terminado o café e o doce, só restava a água. E foi num gole de água que veio a onda. Ela sentiu uma onda dentro dela mesma, como se algo a preenchesse até transbordar. Ela sentiu a iminência do pranto ao ver as gotas de chuva manchando a calçada. Num átimo ela sentiu duas lágrimas gordas brotarem em seus olhos. E então, ela chorou.

Ela logo percebeu que alguns olhares pesavam sobre ela. Uma moça chorando em cima de uma pilha de migalhas com açúcar sempre chama atenção. Durante alguns minutos ela permaneceu de cabeça baixa, silenciosa, secando as lágrimas. Enfim, deu um suspiro profundo, um salto da cadeira, a conta paga no caixa e a rua. Ela olhou para o céu que se abria novamente, sentiu que ainda estava triste, mas achou graça daquilo tudo e sorriu.

Ela se pôs a caminhar e o sorriso em seu rosto foi aumentando, ela ria dela mesma. A tristeza ainda pesava em seu peito, mas ela estava feliz porque havia aprendido algo muito importante. Aquela tristeza brotava de dentro dela, mas era vazia, insensata, algo como um soluço que vem e que passa em dez segundos depois que a gente segura o ar. Nesse caso não bastaram dez segundos, nem dez minutos, mas ela sabia que em algum tempo bastaria.


sexta-feira, 20 de abril de 2012

Esquecer na calçada, nunca na sarjeta!


Um dia para esquecer. Só um dia para esquecer. Um dia, apenas. Eu vou acordar e esquecer, um dia. O reflexo no espelho ainda é meu, eu ainda não esqueci. Não, eu apenas comecei a esquecer. Sair da cama. Lavar o rosto, o meu rosto, o que ainda é meu. Eu coloco a roupa e saio para a rua. Eu caminho, caminho, caminho e caminho até me perder, mas eu ainda lembro... Eu sinto... dor. Os meus pés doem, eu me esqueci de colocar os sapatos, eu esqueci. Onde? Eu não sei mais onde estou. Não, eu me lembrei! Vire à esquerda, sempre à esquerda! Eu caminho, caminho, caminho e caminho até chegar no fim... do caminho? O fim? Moço, aonde fica o fim? É aqui que acaba? É aqui onde tudo acaba? O meus pés, eles doem e sangram. Sim, uma mistura de piche e sangue. Eu sento numa calçada, não na sarjeta. Nunca na sarjeta! Na calçada eu balanço as minhas pernas e olho para os meus dedos dos pés... Escravos de Jó jogavam caxangá. Tira, bota, deixa o Zé Pereira ficar... Eu me lembro disso, eu ainda me lembro. Eu ainda me lembro de muita coisa. Deitei. Na calçada, nunca na sarjeta! Eu olho para o alto e vejo o azul do céu por entre os galhos de um Flamboyant. Vermelho, não amarelo. Vermelho! Eu estico os meus braços em direção ao céu, eu quero tocar o azul do céu, eu subo na árvore, eu me estico até o último galho, bem lá no alto eu estico o corpo todo, a mão, os dedos... eu fecho os olhos e agarro o céu! Eu me esqueci... ou me lembrei... de como se faz para agarrar o céu. É assim que se esquece, a gente lembra de coisas novas e as velhas a gente esquece, sem querer. Sempre sem querer, porque não se esquece quando se quer esquecer, nunca. Vermelho. Eu sei que ainda lembro, mas agora tudo é vermelho, por isso eu esqueço. De tudo eu me esqueço. Na calçada, nunca na sarjeta!




domingo, 8 de abril de 2012

Uma definição que de tão simples ficou complexa


 amor?




Uma vez foi dito que o amor é dar à alguém a habilidade de te destruir mas confiar que ele não o fará.




confiar?

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Um fim de tarde com Persuasão

Toda vez que leio a carta do Capitão Frederick Wentworth endereçada a Anne Elliot, ambos personagens do romance Persuasão de Jane Austen, eu me rendo a uma melancolia cheia de suspiros. E se, quem sabe talvez algum dia, eu recebesse uma carta assim? Eu me questiono toda vez, talvez até mesmo, todo dia.















"Não posso mais ouvir em silêncio. Preciso falar com você pelos meios de que disponho neste momento. Você fendeu minha alma. Sou metade agonia, metade esperança. Não me diga que é tarde demais, que sentimentos tão preciosos foram-se para sempre. Ofereço-me para você de novo com um coração muito mais seu do que quando você quase o despedaçou há oito anos e meio atrás. Não se atreva a dizer que o homem esquece mais rápido do que a mulher, que seu amor morre mais cedo. Eu tenho amado somente você, mais ninguém. Injusto posso ter sido, fraco e ressentido também, mas nunca inconstante. Você, apenas você trouxe-me para Bath. Faço planos pensando somente em você. Você ainda não percebeu? Terá você falhado em entender meus desejos? Eu não teria esperado nem estes dez dias se tivesse podido ler seus sentimentos como eu penso que você penetrou nos meus. Quase não posso escrever. A todo instante ouço alguma coisa que me atordoa. Você abaixa sua voz, mas eu posso distinguir seus tons mesmo quando perdidos em meio aos outros. Boníssima e excelente criatura! Você nos faz justiça, deveras. Você crê que há afeto verdadeiro e constância entre os homens. Creia “nisto” mais fervoroso e constante em F.W.

Devo partir – incerto de minha sorte –, mas voltarei aqui ou irei para sua festa, assim que possível. Uma palavra, um olhar, será o suficiente para que eu decida entrar na casa de seu pai esta noite, ou nunca."















Obs.: Imagens do filme Persuasion.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

É ou não é?



É a vida!
E como não seria?
Salvo a morte,
o que mais não é?
Nada, tudo é vida.
A vida, eterna
consternação só
de quem a vive.

quinta-feira, 29 de março de 2012

A crença em "alguma coisa"

Eu tenho uma história para contar. Um dia desses um senhor com semblante muito calmo e fala mansa me disse o seguinte:
- A plenitude que todos nós buscamos não está na posse de bens materiais, obviamente, todo mundo sabe disso. Ela também não está somente na nossa realização profissional, por isso muita gente chega ao fim da vida lamentado ter se doado mais ao trabalho do que à sua família ou ao seu bem estar. Na verdade, nem mesmo a conquista do que qualificamos como desejos ou sonhos é uma fonte de plenitude. A plenitude é muito mais do que tudo isso.
 
Naquele instante eu comecei a me sentir perdida e perguntei:
- Estamos falando de felicidade, certo? Eu cultivo a minha nos pequenos prazeres da vida, nas felicidades do dia a dia. Mas parece que isso não é suficiente, aonde mais posso buscar isso?
 
Daí o Sr. Plenitude me deu um sorriso de desdém e se recostou na cadeira com as mãos cruzadas na nuca. Eu me senti estúpida, como se eu tivesse falado algo muito bobo, e antes que eu me debulhasse em lágrimas, ele me disse:
- Cultivar pequenas felicidades não vai te conferir uma felicidade completa, muito menos um pouquinho de plenitude. Essa ideia das pequenas felicidades foi difundida para que as pessoas obtivessem felicidade fácil e rápida, pois vivemos no mundo das coisas efêmeras, um mundo sem tempo de "sobra". É por isso que ninguém está contente com a vida hoje em dia, a única felicidade que eles conhecem é aquela que está ao alcance das mãos, e na maioria das vezes a felicidade é um ato solitário, egoísta. E como você mesma constatou, isso não é suficiente.
- Eu confesso que me sinto mais perdida agora do que antes, quando eu entrei por aquela porta.
- Isso ó normal.
- Você gosta muito dessa frase. - "Isso é normal." - Pode ser normal, mas eu ainda não sei o que eu preciso, não sei se é felicidade, ou o que seria a felicidade, afinal, a minha teoria acabou de escorrer pelo ralo! Plenitude, o que é isso?!?! Se tudo o que eu conhecia por felicidade não é felicidade, então o que é essa tal de felicidade?!?!
 
- Se ela não é isso tudo que você conhece, então ela deve ser algo além. Algo que você precisa acreditar sem ver ou alcançar com a mão. Talvez algo que esteja relacionado a uma, dua, três ou mais pessoas. Pode ser crer em Deus. E se não em Deus, então que seja em outra coisa. Ou ter esperança, como você preferir. Mas, de uma forma ou de outra, você precisa acreditar em alguma coisa.
 
Com novas dúvidas na cabeça eu saí do consultório e segui em direção ao metrô. Pensei que tentar crer em Deus só para ver se encontro a tal plenitude seria uma senhora hipocrisia, por isso, eliminei Deus da história. Também eliminei o "outra coisa", isso é vago demais, poderia ser qualquer religião, culto, etc. Ficou a esperança e o "alguma coisa". Estes dois últimos são equivalentes para mim, logo, vamos nomear o meu objetivo de busca e compreensão de Esperança. Amem!


quarta-feira, 14 de março de 2012

O π tem dia?

Sim, o número π tem um dia só dele. E como eu não consigo renegar o lado matemático que há em mim, assim como o meu lado poético, eu preparei uma pequena homenagem usando as palavras da escritora polonesa Wislawa Szymborska. Há pouco tempo descobri os escritos dessa notável escritora ganhadora no prêmio Nobel de Literatura de 1996, lamentavelmente por causa do seu falecimento no início do mês de fevereiro deste ano, mas mesmo assim, a mais breve leitura de seus pouquíssimos poemas traduzidos incitou um grande fascínio por sua obra. O poema Pi é apenas uma pequena amostra, espero que gostem.



PI

O admirável número pi
três vírgula um quatro um.
Todos os dígitos seguintes são apenas o começo,
cinco nove dois porque ele nunca termina.
Não se pode capturá-lo seis cinco três cinco com um olhar,
oito nove com o cálculo,
sete nove ou com a imaginação,
nem mesmo três dois três oito comparando-o de brincadeira
quatro seis com qualquer outra coisa
dois seis quatro três deste mundo.
A cobra mais comprida do planeta se estende por alguns metros e acaba.
Também são assim, embora mais longas, as serpentes das fábulas.
O cortejo de algarismos do número pi
alcança o final da página e não se detém.
Avança, percorre a mesa, o ar, marcha
sobre o muro, uma folha, um ninho de pássaro, nuvens, e chega ao céu,
até perder-se na insondável imensidão.
A cauda do cometa é minúscula como a de um rato!
Como é frágil um raio de estrela, que se curva em qualquer espaço!
E aqui dois três quinze trezentos dezenove
meu número de telefone o número de tua camisa
o ano mil novecentos e setenta e três sexto andar
o número de habitantes sessenta e cinco centavos
a medida da cintura dois dedos uma charada um código,
no qual voa e canta descuidado um sabiá!
Por favor, mantenham-se calmos, senhoras e senhores,
céus e terra passarão
mas não o número pi, nunca, jamais.
Ele continua com seu extraordinário cinco,
seu refinado oito,
seu nunca derradeiro sete,
empurrando, sempre empurrando a preguiçosa
eternidade.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Uma Poesia sobre o Amor Despreocupado

         - A -

Quando
eu desconhecia
o amor
era fácil dizê-lo.

E eu disse
a palavra amor
muitas vezes
e muitas vezes
muito cedo.

Hoje é tarde.
Eu sei o que é
o amor.
Eu já o vi
bem diante mim
mas hoje
me faltam palavras
para dizê-lo.

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Aniversário Atrasado + Exercício Poético à Luz de Velas

Como o ano é bissexto eu resolvi comemorar o aniversário de 2 anos do blog hoje, nesse dia tão quase inexistente que é o dia 29 de fevereiro, ao invés da data oficial que foi ontem. Nada a ver com possíveis falhas da memória... Ou excesso de drinks pré-almoço... Enfim, o Oui,Madade! passou dos 16 000 acessos, o que para mim é fantástico! Também conquistei mais alguns seguidores e recebi alguns bons elogios, não estou me gabando nem nada, mas isso faz uma boa massagem no ego e dá uma energia extra para continuar a escrever. Por isso agradeço a todos os frequentadores do blog, todos os comentários, todas as divulgações, é um prazer tê-los aqui comigo!


Como um presente de aniversário para o blog eu escrevi a poesia a seguir, que foi concebida de próprio punho durante um período de falta de luz na noite de ontem. À luz de velas, escrevi a poesia meio acordada e meio dormindo. Hoje lapidei algumas bordas, mas resolvi entregá-la da forma mais próxima da original. Espero que gostem. 

CHUVA*

como eu me lembro
da cortina fria
transparente
acinzentando o inverno
na minha casa azul
com vista para o mar

as gotas atingindo a janela
como pedrinhas
quicando
inúmeras vezes
batucando
uma música líquida
que escore fácil
pelos ouvidos

a luz cor de chumbo
passava pelo véu de águas
evocando uma sonolência
atada nos lençóis amarrotados
impregnada nas cobertas quentes
embalada pela canção
da pequena ronronando
bem junto ao meu coração

como eu sinto falta
dessas noites aveludadas
calmas e aquosas
abafando o silêncio
e os sentimentos
evaporando as dúvidas
do meu travesseiro
e acalentando as lembranças
das dores e amores

* Porque aqui no Rio de Janeiro quase nunca chove. Novo item na lista de coisas a evitar: Após o aguaceiro, poemas intitulados CHUVA caem no país inteiro. Logo, poemas úmidos estão no topo da minha lista neste verão infernal.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Fórmula Poética do Silêncio + Música Tema

CALADA

o silêncio
meu silêncio
ausência constante
meus gritos
mudos
promessas
tuas e minhas
palavras
nunca jamais ditas
omissas
entre adormecer
despertar
somente fôlego
pulsação
suor agridoce
sal de lágrimas
o nada que há
de ser vivido
tão pouco e tanto
esquecido



domingo, 19 de fevereiro de 2012

Fórmula Poética de Domingo + Reserva Musical de Domingo

DISSONANTE

eu sinto um oco
em mim
me bato e ouço
o som do vazio
suave
nocivo
sinto-o ecoar
dentro de mim
como passos
numa catedral
me bato e sinto
o som
ir e vir
me percorrer
corpo infame
soar na alma vã
retumbar
na mente insana
escuridão
velam-se
os meus olhos
meus pensamentos
minha razão
me debato e sinto
a frieza
o peso do estupor
crucifica-me
minha imperfeição
sou malfeita
vivo sob a pena
do azar
do som vazio
que há em mim.


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Sentimento poente

Uma lembrança de Laguna-SC em 11.02.2012.

















O pôr do Sol que se ensaia no teu horizonte
é o mesmo que se sustenta na linha imaginária do meu sentimento.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Florbela



Canção grata
Florbela Espanca

Por tudo o que me deste
inquietação cuidado
um pouco de ternura
é certo mas tão pouca
Noites de insónia
Pelas ruas como louca
Obrigada, obrigada
Por aquela tão doce
e tão breve ilusão
Embora nunca mais
Depois de que a vi desfeita
Eu volte a ser quem fui
Sem ironia aceita
A minha gratidão
Que bem que me faz agora
o mal que me fizeste
Mais forte e mais serena
E livre e descuidada
Sem ironia amor obrigada
Obrigada por tudo o que me deste
Por aquela tão doce
e tão breve ilusão
Embora nunca mais
Depois de que a vi desfeita
Eu volte a ser quem fui
Sem ironia aceita
A minha gratidão

domingo, 29 de janeiro de 2012

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Uma poepifania numa quinta dos infernos!

Há tempos

Se eu fosse mais
transparente
um pouco menos
densa
em essência
talvez você me amasse
enfim
ou tivesse amado
um pouco mais
talvez.

Ainda tenho medo
de olhar
no fundo
dos teus olhos
tanto medo
ainda tenho
de te tocar
de te sentir
de te ouvir
de te ver partir
Só.

Há tempos
te amo
te temo
ainda
sem saber
como e porque
ainda quero
tanto
ser só eu e você.

O que você deseja
não sou
o que você imagina
pouco é
verdade
mentira
o que você amou
um dia
era o que você queria
podia
mas agora não mais.

Meu bem
o amor não morre
não é
abandonado
esquecido
derrotado
nós é que somos
foçados
pela exaustão de amar
a desejar
não mais amar.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Acreditar ou não em fantasmas?

O amor é uma dessas coisas que a gente ouve falar quase todos os dias mas nunca vê. Ok, nunca é exagero, quase nunca, às vezes a gente até vê mas não se dá conta do que sente naquele momento. E mesmo quando a gente ouve, vê e sente sempre duvida de que aquilo que se ouviu, viu e sentiu foi mesmo de verdade. Amar é como acreditar ou não em fantasmas. Se você não acredita vai ignorar qualquer aparição ou encontrar uma explicação lógica para o que quer que tenha acontecido. Mas caso você acredite, se algum dia um fantasma aparecer na sua frente você terá duas opções, você pode correr para abraçá-lo ou correr para fugir dele, tudo depende da sua coragem, ou de quanto medo de fantasmas você tem.


O medo é um fator fundamental no amor. Por exemplo, se você não tem medo nunca terá interesse suficiente para se agarrar a um fantasma, no máximo você vai querer olhar de perto. Se você tem algum medo, daí tudo vai depender se você acha que vale a pena ou não abraçar o fantasma, tudo vai depender da conveniência. O terceiro caso deveria ser o mais interessante, mas só é o mais difícil. Quando você tem muito medo de fantasmas e tem um bem na sua frente, como eu já disse antes, só há duas opções: Há quem pense que fugir é a solução mais fácil, mas não é, porque o medo não some e com o tempo se transforma em dúvidas e depois te corrói por dentro. E quando você está morrendo de medo e mesmo assim corre para abraçar um fantasma, isso é o que a gente ouve falar todos os dias. E eu nunca soube de verdade como é isso.


Ter medo e mesmo assim dar a cara a tapa, eu acho que na pior das hipóteses você só ganha um tapa, certo? Eu tenho medo demais de começar novamente a me apaixonar por alguém, de errar mais uma vez, de descobrir mais coisas que eu não gosto nos outros e principalmente em mim mesma, etc. Eu só sei uma coisa, eu nunca tive tanto medo como eu tenho agora e eu nunca tive tanto espírito auto-destrutivo como eu tenho agora. É algo como, se for para ser que seja, com tudo o que há de ruim e de bom, não importa o amanhã. Acho que me inspirei no pseudo fim do mundo de 2012. Enfim, eu não sei porque ainda insisto em escrever sobre amor. Eu só sei que daria a minha cara a tapa. Mas quem mais daria?