sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O fim do mundo

Naquela manhã ao invés de vestir o vestido azul que estava passado e pendurado atras da porta, ela vestiu o jeans sujo que estava jogado no chão e uma camiseta branca amarrotada que a sua mão pescou ao acaso na prateleira do guarda roupa. Ela podia ter alisado o cabelo, feito a maquiagem, colocado os melhores brincos, os sapatos perfeitos e por fim passado uma borrifada de perfume, mas ao invés disso ela só calçou os All Star e saiu correndo pela porta enquanto penteava os cabelos com os dedos. Mesmo sem estar atrasada ela tinha presa, estava ansiosa por alguma razão, por isso apertava impacientemente o botão para chamar o elevador. "Até que enfim!", ela disse quando o elevador chegou. Ela apertou o botão da garagem e se encostou na parede do elevador. Então, assustada percebeu o seu reflexo no espelho. "Eu podia ter colocado o vestido e ter me arrumado mais." ela pensou, mas após contemplar-se por mais alguns segundos no espelho ela disse "Não ia fazer diferença". A porta abre e ela anda apressada até o carro. Bip bip. Chave na ignição, cinto de segurança e mais uma olhada no espelho retrovisor, "Esse cabelo está horrível" ela pensa. Enquanto dirigia ela ficava pensando no vestido, nos sapatos perfeitos e no perfume em cima da pia. "Eu podia pelo menos ter passado uma borrifada de perfume", pensou. Liga o rádio. Desliga o rádio. Olha para o celular. Se irrita com os sinais e com o trânsito matinal. "Vamos lá, sorria!", ela diz a si mesma enquanto confere novamente o estado do cabelo no espelho retrovisor.

- Bom dia!
- Bom dia! Tudo bem? Chegou cedo. Você parece bem animada hoje...
- Tudo bem! Animada? Não sei sobre o que você esta falando. - Ela sorri maliciosamente e senta na mesa de trabalho. - Então, o que temos hoje? O que é mais urgente? Já ligou pra gerência? Onde está o mensageiro?
- Você está bonita hoje. - Ele falou com ternura, mas tinha um ar de zombaria no olhar. - Temos uma pilha de revisões pra fazer, essa que por acaso está a sua esquerda. Quanto a urgência, tudo é relativo, se o mundo for acabar hoje nada é urgente, mas caso contrário eu diria que são as cinco primeiras pastas da pilha. Não, eu não liguei para a gerência. E o mensageiro ainda não chegou, você chegou meia hora antes do horário, como sempre.
- O.k., quem dera o mundo estivesse acabando, heim?
- Quem dera! Se ele estivesse acabando eu te convidaria para passear no litoral, depois comeríamos naquele restaurante que você adora, e no fim ficaríamos sentados numa praia esperando pelo fim do mundo tranquilamente. Quem sabe se eu ligar o rádio agora eles estejam anunciando o fim do mundo, o que você acha? Seria um bom plano para o último dia de nossas vidas na terra?
- Claro que sim! Se o mundo estiver acabando eu estou dentro!

Ele liga o rádio. Um emaranhado de sons interrompidos de estática, vozes e música enquanto troca as estações. "Interrompemos essa transmissão para informar..."

P.S.: O que significa? Sei lá! Apenas uma aleatoriedade que estava empacada nas postagens já faz algum tempo. Eu não me sinto muito criativa hoje, mas de alguma forma queria publicar alguma coisa. Eu queria mesmo era agradecer a todas as pessoas que visitaram o blog nessa última semana, que aliás foi a semana de mais movimento por aqui, e principalmente agradecer aquelas pessoas que vieram comentar o último post. Obrigada a todos, obrigada por todas as conversas, obrigada por se importarem. Bom fim de semana! Um abraço apertado em todos!

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