segunda-feira, 11 de abril de 2011

Uma boneca

Eu sou uma boneca. Uma boneca muito rara de porcelana. Todos me olham e querem me ter em suas mãos. Por vezes eu pereço ser encantada, quase como se tivesse saído de um sonho, mas na verdade sou apenas uma simples boneca. Uma boneca frágil por natureza e que por isso merece cuidado, mas ainda assim uma boneca comum. Eu sou daquelas que chora quando você me balança em seus braços, basta me colocar de ponta cabeça e me puxar novamente que eu choro. O problema, o meu problema, é que eu não sou como todas as outras bonecas que choram, eu tenho um defeito. Eu não fui corretamente fabricada, o meu choro nem sempre funciona. Eu fico esperando que me tomem nas mãos e que me abracem, que me admirem e que brinquem comigo. Eu só quero que me deixem ser o que sou, uma boneca cujo propósito é fazer alguém feliz, mas o meu defeito me atrapalha. O meu defeito é que não choro quando supostamente deveria chorar, e outras vezes eu choro quando menos se espera. Por essa minha singularidade as pessoas tem medo de mim, pois elas não sabem o que pode acontecer se brincarem comigo e por isso eu fico jogada numa prateleira qualquer sendo apenas observada de longe. Observo o tempo passar e sinto crescer em mim essa ansiedade de fazer alguém sorrir, fazer alguém feliz, de ter alguém para amar e alguém que me ame. Eu amo o tempo inteiro, o tempo passa e continuo amando, continuo esperando que esse amor seja dado. Sinto o amor não dado me possuindo, me sufocando. O amor não dado é como um veneno. Estou sendo afogada nesse amor como se estivesse presa num rochedo com uma maré que não para de subir, o amor cresce em ondas que inundam o meu interior, ele invade tudo até me sufocar. Então, eu choro, eu choro o meu amor. Coloco todo esse amor em lágrimas o e despejo ao chão. Desperdiço todo o amor porque preciso respirar. Eu sou uma boneca, uma boneca que só quer brincar de amar.

Boneca Encantada

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