terça-feira, 20 de abril de 2010

Areia Movediça

Depois que algo acontece, é difícil colocar as coisas de volta do jeito que eram antes. Você pode até perdoar ou esquecer, mas no fundo sempre teremos a certeza de que nada mais será como antes. Com o tempo tudo volta como onda, e a única coisa que podemos fazer é cravar os pés no chão e não nos deixar derrubar por ela, e esperar. Esperar que a onda passe. O problema é que depois que ela se vai os seus pés ficam cada vez mais cravados no chão. Quem quer isso? Viver com os pés no chão, cada vez mais presa aos fantasmas do passado. Não, por isso nos desvencilhamos dessa areia movediça. Por mais que eu procure esquecer, as memórias estarão sempre me espreitando. Como um olhar, uma palavra, ou a lembrança do sol invadindo a escuridão do quarto...



Sables mouvants
Jacques Prevert

Démons et merveilles
Vents et marées
Au loin déjà la mer s'est retirée
Démons et merveilles
Vents et marées
Et toi
Comme une algue doucement carressée par le vent
Dans les sables du lit tu remues en rêvant
Démons et merveilles
Vents et marées
Au loin déjà la mer s'est retirée
Mais dans tes yeux entrouverts
Deux petites vagues sont restées
Démons et merveilles
Vents et marées
Deux petites vagues pour me noyer.

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